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Itália: Di Maio abandona liderança do M5S e defende refundação

O ex-líder do M5S afirmou que sua saída não atrapalha a aliança de governo e confirmou que continuará no cargo de chanceler da Itália

Itália: Movimento Cinco Estrelas está abalado após resultados eleitorais ruins (Simona Granati/Getty Images)

Itália: Movimento Cinco Estrelas está abalado após resultados eleitorais ruins (Simona Granati/Getty Images)

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EFE

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 17h53.

Roma — O líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S) e atual ministro de Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, anunciou nesta quarta-feira que deixará o comando do partido, abalado por resultados eleitorais ruins, alianças duvidosas e grandes pressões internas.

"Chegou o momento de esta esplêndida criatura chamada Movimento Cinco Estrelas se refundar. Hoje se encerra uma era. Conclui meu dever", anunciou Di Maio, visivelmente emocionado, em um evento realizado no Templo de Adriano, em Roma.

O agora ex-líder do M5S, porém, garantiu que sua saída não atrapalha a aliança de governo firmada pela legenda com o Partido Democrata e outras forças de centro-esquerda. Ele também seguirá no cargo de chanceler da Itália.

"Devemos aspirar ao direito sacrossanto de sermos avaliados ao menos ao final da legislatura (em 2023). Acredito que o governo deve continuar porque os resultados virão no fim", defendeu.

O vice-ministro do Interior, Vito Crimi, assumirá o comando do partido até que uma nova liderança seja eleita.

A decisão de Di Maio ocorre há quatro dias das eleições regionais em Emilia-Romagna, no norte do país, e em Calabria, no sul, cruciais para o M5S. Líder da extrema direita na Itália, Matteo Salvini quer usar o pleito para reforçar o domínio de seu partido, a Liga Norte, e desgastar o governo de coalizão.

A saída do chanceler virá acompanha de um processo de refundação do M5S, que quer no próximo congresso fixar um projeto para os próximos anos. O evento está previsto para ocorrer em março.

Movimento em declive

Di Maio, 33 anos, foi eleito líder do M5S em setembro de 2017 após uma consulta pela internet. Praticamente não houve disputa, já que os demais candidatos não eram conhecidos.

Ele, no entanto, já tinha estabelecido alianças dentro da legenda, sobretudo por ser muito próximo do fundador do M5S, Beppe Grillo. Na primeira eleição no comando do partido, Di Maio colocou o movimento no topo dos mais votados na Itália, com 32%.

O M5S vivia um momento mágico. Era o mais votado no país e tinha conquistado as prefeituras de Roma, a capital, e de Turim, a cidade mais industrializada. No entanto, a situação tomou outro rumo em um piscar de olhos.

As eleições de 2018 provocaram uma crise de governabilidade devido à incapacidade dos partidos de formar alianças. O problema se resolveu com a curiosa união entre o Cinco Estrelas e a Liga, o que revoltou eleitores progressistas do partido.

M5S e Liga governaram até agosto de 2019, quando Salvini implodiu a coalizão em uma tentativa de pegar o cargo de primeiro-ministro para si. Di Maio, então, se aliou ao Partido Democrata e outros partidos de centro-esquerda, afugentando eleitores conservadores.

Desde então, o Cinco Estrelas perdeu o vigor e sofreu seguidas derrotas eleitorais que disputou, sobretudo sendo batido por Salvini e seus aliados.

A liderança de Di Maio foi colocada em xeque em várias oportunidades. Internamente, suas estratégias políticas eram questionadas. Além disso, o partido sofreu uma debandada de parlamentares.

Futuro

Criado como alternativa ao establishment político e com a intenção de levar ao parlamento cidadãos anônimos, o Movimento Cinco Estrelas como fundado por Grillo chegou hoje ao fim, segundo Di Maio. No entanto, o ex-líder assegurou que o partido não está acabado, mas segue tendo um "projeto visionário e sem igual no mundo".

Agora, no próximo congresso, Di Maio quer que o M5S discuta novas perguntas e novas respostas sobre o tipo de sociedade que o movimento quer para a Itália. Além disso, ele destacou que é preciso reavaliar o número de desertores dentro do partido neste processo de refundação.

"Temos muitos inimigos, mas os piores são os internos e que não trabalham como grupo, mas sim por sua própria visibilidade", afirmou.

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