Israel lançará ofensiva em Rafah com ou sem apoio dos EUA, diz Netanyahu a Blinken
Washington, principal aliado de Tel Aviv, tem demonstrado preocupação com a incursão, já que cidade no extremo sul do enclave palestino abriga 1,4 milhão de pessoas deslocadas pela guerra
Agência de notícias
Publicado em 22 de março de 2024 às 16h52.
Última atualização em 22 de março de 2024 às 17h00.
O primeiro-ministro de Israel , Benjamin Netanyahu, disse nesta sexta-feira que lançará sua ofensiva em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza e na fronteira com o Egito, com ou sem o apoio dos Estados Unidos. A declaração foi feita durante uma reunião com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em visita a Tel Aviv para pressionar pelo fim das hostilidades no enclave. Segundo o chefe da diplomacia americana, uma grande incursão terrestre na cidade ameaçaria "isolar ainda mais Israel no mundo".
"Eu disse que não poderíamos vencer o Hamas sem entrar em Rafah e sem eliminar os batalhões que ainda estão lá. Eu disse a ele que esperava fazê-lo com o apoio dos Estados Unidos, mas se necessário, o faremos sozinhos", afirmou Netanyahu após uma reunião com o secretário.
Israel afirma que uma ofensiva em Rafah é necessária para eliminar o "último bastião" do Hamas, responsável pelo ataque terrorista contra Israel em 7 de outubro. Na semana passada, Netanyahu aprovou o plano de ação proposto pelo Exército para uma operação na cidade, alegando que as forças estão preparadas para "retirar a população civil" antes do início da ofensiva.
Mas os EUA, seu principal aliado, têm demonstrado preocupação com a potencial mobilização e afirmam que uma ofensiva na região seria "um erro" — o que foi reforçado por Blinken na quinta-feira. O presidente americano, Joe Biden, disse na terça ter pedido ao premier israelense que enviasse uma delegação a Washington para discutir como evitar um ataque. Embora Netanyahu tenha aceitado, afirmou ter insistido com Biden que pretendia alcançar todos os objetivos de guerra.
"Compartilhamos o objetivo de Israel de derrotar o Hamas (...) Uma grande operação terrestre não é a maneira de fazê-lo", afirmou Blinken no Aeroporto Internacional Ben Gurion, destacando aos repórteres que tal operação "ameaça isolar ainda mais Israel no mundo e pôr em risco a sua segurança e posição a longo prazo".
Ainda segundo o secretário, a ofensiva "corre o risco de matar mais civis; [ e ] de causar mais estragos no fornecimento de ajuda humanitária".
Antes da guerra, Rafah, uma pequena cidade na fronteira do Egito de apenas 65 km² e empobrecida até mesmo para os padrões de Gaza, abrigava 250 mil pessoas. Agora, estima-se que tenha 1,4 milhão — mais da metade da população de 2,3 milhões do enclave — sendo a maioria pessoas que fugiram do norte e do centro de Gaza por causa do conflito. Na cidade, elas enfrentam uma severa escassez de alimentos, águas, remédios e abrigos.