Conflito: os palestinos foram mortos por disparos em localidades situadas perto da Cidade Velha e na Cisjordânia ocupada (Ammar Awad/Reuters)
AFP
Publicado em 21 de julho de 2017 às 14h15.
Três palestinos morreram nesta sexta-feira em confrontos na Cisjordânia de Jerusalém Oriental entre as forças israelenses e os manifestantes, que protestam contra as novas medidas de segurança para ter acesso à Esplanada das Mesquitas.
A Polícia israelense proibiu que homens com menos de 50 anos entrem na Cidade Antiga de Jerusalém e na Esplanada das Mesquitas, impedindo que participem da tradicional oração muçulmana semanal.
"A entrada na Cidade Velha e ao Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas para os muçulmanos) fica limitada aos homens de 50 anos, ou mais, e às mulheres de qualquer idade", anunciou a Polícia, em um comunicado.
Segundo o ministério da Saúde palestino, três palestinos foram mortos por disparos em localidades situadas perto da Cidade Velha e na Cisjordânia ocupada.
A Esplanada das Mesquitas, onde estão o Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa, fica na Cidade Antiga de Jerusalém, setor palestino da cidade santa. Sua anexação por parte de Israel nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.
Desde domingo (16), os palestinos denunciam a instalação de detectores de metal nas entradas do lugar santo, decidida por Israel depois do ataque contra policiais israelenses em 14 de julho, perto desse mesmo local.
A medida trouxe de volta o temor dos palestinos de que Israel tome o controle exclusivo do terceiro lugar santo do Islã, um sítio também venerado pelos judeus, que o chamam de Monte do Templo.
Desde então, os palestinos decidiram não ir à Esplanada e fazer suas orações na Cidade Antiga.
Nesta semana, houve confrontos quase diários com a Polícia israelense. Prevista para meio-dia e tradicionalmente reunindo milhares de fiéis, a grande oração de sexta-feira pode dar lugar a mais tumulto.
Nos últimos dias, a imprensa israelense informou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu cogitava a possibilidade de retirar os detectores para evitar incidentes. Após consultar as forças de segurança e seu gabinete, Netanyahu decidiu manter o procedimento.
O gabinete de segurança "deu à Polícia a autoridade para tomar as decisões necessárias para permitir o livre acesso aos lugares santos, garantindo - ao mesmo tempo - a segurança e a ordem pública", declarou uma autoridade israelense nesta sexta-feira.
A Polícia israelense disse ainda que reforçou seus efetivos na Cidade Antiga com unidades "mobilizadas em todos os setores e bairros". Ontem, o Exército garantiu o envio de cinco batalhões extras à Cisjordânia ocupada para conter possíveis distúrbios.
Em Jerusalém Oriental, Israel controla os acessos à Esplanada das Mesquitas, local que, há décadas, cristaliza as tensões entre israelenses e palestinos. A Jordânia é responsável pela gestão do local.
Em diferentes ocasiões, Israel disse não ter a intenção de modificar as regras tácitas do atual status quo, o qual estabelece que os muçulmanos podem ir à Esplanada a qualquer hora. Também autoriza os judeus a ingressarem a determinadas horas do dia sem pode rezar.
"Israel se compromete a manter o status quo no Monte do Templo e a liberdade de acesso aos lugares santos", frisou uma autoridade do governo israelense nesta sexta-feira.
A polêmica causada pelos detectores transcendeu as fronteiras dos Territórios Palestinos. Na Jordânia, mais de 8.000 pessoas se manifestaram em Amã e outras cidades da Jordânia.
Em Amã, a manifestação, convocada pelos movimentos islamitas e partidos de esquerda, começou na Grande Mesquita de Al Husseini, centro da cidade, segundo fotógrafo da AFP.
"Com nossa alma e nosso sangue, nos sacrificaremos por ti, Al Aqsa!", gritavam os manifestantes.
Na quinta-feira (20), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, conversou com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abas, e com o presidente israelense, Reuven Rivlin, pedindo a Israel que retire os detectores de metais "o quanto antes", "dada a importância que (a Esplanada) tem para todo mundo muçulmano".
Os ultranacionalistas e os islamitas turcos protestaram na frente das principais sinagogas de Istambul para denunciar as novas medidas de segurança, noticiou a agência de notícias turca Dogan.