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Israel começa a compartilhar informações sobre programa nuclear iraniano

Após a intervenção, Donald Trump, aliado mais próximo de Israel, assegurou que as revelações mostravam que ele "estava 100% certo"

Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro israelense apareceu na televisão para explicar provas contra o Irã (Ronen Zvulun/Reuters)
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AFP

Publicado em 1 de maio de 2018 às 15h15.

Israel começou a compartilhar informações de seus espiões sobre o programa nuclear do Irã, embora haja dúvidas sobre se estas revelações vão mudar a posição das grandes potências em relação ao histórico acordo assinado em 2015.

Na segunda-feira, a poucos dias do 12 de maio, dia em que o presidente americano deve anunciar uma decisão sobre o programa nuclear do Irã, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apareceu na televisão para explicar as provas reunidas por seus espiões que, segundo ele, provam que a República Islâmica dispõe de um plano secreto para adquirir uma arma nuclear, apesar do acordo de 2015.

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Após a intervenção, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, aliado mais próximo de Israel, assegurou que as revelações de Netanyahu mostravam que ele "estava 100% certo" ao criticar o acordo de 2015, que prometeu "rasgar" e no qual o Irã se comprometeu a encerrar seu programa nuclear em troca do fim de parte das sanções ocidentais.

Trump deseja que os países europeus que assinaram o acordo encontrem um novo texto que preencha os "terríveis vácuos" do de 2015.

"O discurso do primeiro-ministro israelense (...) mostra por qué precisamos do acordo nuclear iraniano. O acordo (...) não se baseia na confiança, mas na verificação", reagiu o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson.

Paris se expressou termos parecidos.

Israel teme que, se o Irã conseguir desenvolver armas nucleares, ataque o país. A destruição do Estado hebreu faz parte da retórica do governo iraniano.

O acordo de 2015, concluído entre o Irã e as grandes potências - os cinco países permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha) mais a Alemanha - prevê o levantamento gradual e condicional das sanções internacionais em troca da renúncia por Teerã de seu programa nuclear.

Neste contexto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável pela supervisão do acordo, assegurou nesta terça-feira que desde 2009 "não há provas credíveis" de atividades no Irã de desenvolvimento de armas nucleares.

Um porta-voz da AIEA declarou à AFP que seu conselho "declarou ter encerrado sua análise sobre esta questão" após o relatório que lhe foi apresentado em dezembro de 2015.

Por sua vez, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, afirmou que os documentos apresentados na segunda-feira que Israel deveriam ser avaliados pela AIEA. "O senhor Netanyahu não colocou em dúvida o respeito" do acordo, assegurou.

E, para Paris, "a pertinência do acordo foi reforçada pelos elementos apresentados por Israel: todas as atividades ligadas ao desenvolvimento de uma arma nuclear estão proibidas pelo acordo; de maneira permanente. O regime de inspeções da AIEA estabelecido graças ao acordo é um dos mais exaustivos e robustos da história", ressaltou em um comunicado o ministério francês das Relações Exteriores.

"As novas informações apresentadas por Israel podem igualmente confirmar a necessidade de uma vigilância de mais longo prazo sobre o programa iraniano", acrescentou a mesma fonte.

"Mentiroso inveterado"

Na segunda-feira, em sua intervenção na televisão, descrita como o "show de sua vida" pelo jornal israelense Maariv, Netanyahu, apresentou "provas conclusivas" recolhidas por espiões de Israel.

Segundo Netanyahu, há fotos, vídeos e documentos que explicam que, apesar de negar, o país desenvolveu entre 1999 e 2003 um programa secreto chamado Amad para produzir uma bomba atômica.

Sob pressão internacional, o Irã teria abandonado este programa mas, com uma organização distinta, teria continuado desde então a desenvolver suas capacidades nucleares.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, assegurou que os documentos eram "autênticos". Mas várias vozes apontaram que o projeto Amad não era nenhuma novidade. Segundo Mogherini, o acordo de 2015, que inclui obrigações e mecanismos de verificação, foi estabelecido "precisamente porque não havia confiança entre as partes".

O Irã reagiu às declarações de Netanyahu afirmando se tratar de "um mentiroso inveterado, com falta de ideias".

Essas alegações "banais, desinteressantes e vergonhosas" são aquelas de "líderes sionistas [que] não voem outros meios de garantir sua sobrevivência senão por meio de seu regime ilegal, ameaçando os outros com blefes", declarou o ministério das Relações Exteriores em um comunicado publicado em seu site.

"Netanyahu e o notório regime assassino sionista devem, no entanto, entender que a opinião pública mundial é suficientemente educada e sábia" para não acreditar em tais palavras, conclui o texto.

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