Soldados israelenses bloqueiam uma das entradas do vilarejo de Halhul, Cisjordânia (Hazem Bader/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 17h42.
Jerusalém - O governo israelense avaliava nesta terça-feira a intensidade da represália contra o Hamas depois do assassinato de três jovens sequestrados na Cisjordânia ocupada, para evitar que os ataques provoquem uma explosão de violência no Oriente Médio e tenham um impacto negativo na comunidade internacional.
Os líderes internacionais e os principais analistas israelenses pediram serenidade ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que acusou o movimento radical Hamas pelos assassinatos, e o aconselharam a optar por operações seletivas e limitadas.
"Nós consideramos o Hamas (sigla em árabe para Movimento de Resistência Islâmica) responsável pelo sequestro e assassinato dos jovens e sabemos como fazer para que prestem contas", declarou o ministro israelense da Defesa, Moshe Yaalon.
Na segunda-feira à noite, Israel executou 30 ataques aéreos contra locais de treinamento de grupos armados na Faixa de Gaza. Não foram registradas vítimas.
Na manhã desta terça-feira, o Exército israelense matou um jovem palestino em uma operação no campo de refugiados de Jenin (norte da Cisjordânia).
O gabinete de segurança de Israel, integrado pelos principais ministros, reuniu-se na segunda-feira e retomará as discussões nesta terça-feira.
O Hamas, que negou envolvimento no sequestro, mas elogiou a ação, prometeu a Israel que, "se o país iniciar uma guerra ou uma escalada, abrirá as portas do inferno".
Para o jornal Yediot Aharonot, os ministros envolvidos devem "primeiro pensar no inimigo externo e só depois nas pressões internas".
"Israel deve continuar atacando o Hamas, mas com inteligência e de modo cirúrgico, sem punir população nem a Autoridade Palestina".
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, convocou uma reunião. O acordo de reconciliação com o Hamas, que resultou na formação de um governo de personalidades independentes em 2 de junho, parece cada vez mais ameaçado.
Um analista militar do jornal Haaretz destacou que "o objetivo declarado do governo é a dissuasão dos palestinos, mas o objetivo prático é tranquilizar os israelenses", ao destacar o perigo de uma onda de agressões individuais contra a minoria árabe ou os palestinos.
A polícia israelense está em alerta pelo temor de atentados ou represálias.
O Haaretz alerta que "existe uma grande tentação política para adotar medidas fortes contra o Hamas em Gaza", mas isso pode provocar ataques com foguetes contra a região de Tel Aviv.
Se isso acontecer, considera o jornal Maariv, "o Hamas vai recuperar um pouco de simpatia internacional porque seria atacado pelo grande e poderoso Israel. Depois de três dias ninguém lembraria dos três jovens assassinados e todo o mundo falaria da população palestina sob a bota do ocupante".
Estados Unidos e União Europeia condenaram energicamente o assassinato dos israelenses.
Desde o sequestro, o Exército israelense matou cinco palestinos na Cisjordânia, prendeu 420 palestinos - 305 deles integrantes do Hamas - e revistou mais de 2.200 casas.
Um grupo desconhecido, os Partidários do Estado Islâmico", que jurou lealdade ao "Estado Islâmico", ativo na Síria e no Iraque, reivindicou os assassinatos.
Os três jovens - Eyal Yifrach, de 19 anos, Naftali Frankel e Gilad Shaer, ambos de 16 -, eram estudantes de escolas religiosas. Foram encontrados mortos perto da localidade de Halhoul, muito perto do local onde foram vistos pela última vez.