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Israel aprova cessar-fogo temporário com Hamas para libertação de reféns em troca de presos

Ao todo 50 pessoas serão liberadas, a maioria crianças; além de soltar 150 prisioneiros, Israel também se comprometeu com uma pausa de até cinco dias nos ataques em Gaza

Israel-Hamas: informações sobre os detalhes do acordo foram fornecidas por integrantes do governo de Israel, do Catar e dos Estados Unidos ao longo da terça-feira (Agence France-Presse/AFP)

Israel-Hamas: informações sobre os detalhes do acordo foram fornecidas por integrantes do governo de Israel, do Catar e dos Estados Unidos ao longo da terça-feira (Agence France-Presse/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 22h41.

Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 23h06.

Sob mediação do Catar, Egito e EUA, Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas chegaram nesta terça-feira a um acordo para um cessar-fogo temporário em Gaza em troca da libertação de 50 dos quase 240 reféns sequestrados pelo grupo durante o ataque de 7 de outubro, que também deixou 1,2 mil mortos em solo israelense.

As informações sobre os detalhes do acordo foram fornecidas por integrantes do governo de Israel, do Catar e dos Estados Unidos ao longo da terça-feira, e o texto final aprovado pelo Gabinete israelense ainda não foi divulgado. Contudo, de acordo com as discussões travadas na reunião e relatadas pela imprensa israelense, não há indicações de que os termos foram alterados

Segundo os detalhes prévios, o texto prevê que dos reféns que serão libertos pelo Hamas, 30 são crianças e 20 são mulheres, entre elas oito mães, ao longo do cessar-fogo. Em troca, Israel se comprometeu a soltar três prisioneiros palestinos para cada refém liberado, totalizando 150. Como parte da negociação, o governo israelense também concordou interromper todos os ataques na Faixa de Gaza, aéreos e terrestres, por até cinco dias, e exigiu que a Cruz Vermelha possa visitar os reféns que continuarão sob custódia, garantindo seu acesso a medicamentos.

Ainda de acordo com o Canal 12, a primeira leva de reféns deve ser libertada pelo grupo na quinta-feira desta semana. A expectativa é que 12 israelenses sob custódia do Hamas sejam soltos por dia.

O anúncio do acordo foi feito após uma sequência de reuniões, iniciadas às 18h30h (13h30 em Brasília), entre o governo israelense e seus Gabinetes de guerra e de segurança, que antecedeu uma ampla votação com representantes de todos os partidos. Antes do início das conversações, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que esperava ter "boas notícias" em breve. Antes da votação final, ele assegurou que "nós não vamos parar depois do cessar-fogo".

— Quero esclarecer: estamos em guerra, continuaremos em guerra, continuaremos em guerra até atingirmos todos os nossos objetivos. Destruiremos o Hamas, devolveremos todos os nossos sequestrados e desaparecidos e garantiremos que em Gaza não haverá nenhum partido que represente uma ameaça a Israel — afirmou o premier.

O porta-voz das Forças Armadas de Israel, Daniel Hagari, também ressaltou nesta terça-feira que o acordo não afetará o objetivo principal dos militares: eliminar o grupo terrorista. Ele também acrescentou que as famílias dos reféns seriam informadas primeiro sobre a aprovação da iniciativa antes dela vir a público.

— A meta de devolver os reféns é significativa. Mesmo que isso resulte na redução de algumas das outras coisas, saberemos como restaurar nossas conquistas operacionais — disse Hagari em resposta à pergunta de um jornalista em uma coletiva pouco antes do anúncio oficial.

Mais cedo, o Catar já havia antecipado que os negociadores nunca haviam estado "tão perto de um acordo", que prevê a paralisação dos ataques de retaliação ao enclave, que, segundo o Hamas, já deixaram mais de 14,1 mil mortos, entre eles milhares de menores de idade.

O mesmo tom otimista foi antecipado por Ismail Haniyeh, líder político do Hamas que vive no Catar e que, em comunicado no Telegram, afirmou: "Estamos perto de alcançar um acordo para uma trégua".Em uma entrevista à TV al-Jazeera, Izzat el Reshiq, um porta-voz do grupo terrorista, antecipou que o acordo incluiria "a liberação de mulheres e crianças reféns em troca da soltura de crianças e mulheres palestinas em prisões da Ocupação", em referência a Israel , cuja existência o movimento islâmico não reconhece. Reshiq afirmou também que nenhum militar israelense capturado em 7 de outubro seria solto.

O resgate dos reféns foi apontado pelo governo israelense como prioritário, mas sem nenhum avanço positivo nesse sentido desde o início da incursão terrestre ao enclave palestino, o clamor da sociedade civil por respostas aumentou nas últimas semanas, pressionando Netanyahu. Antes de o acordo ser alcançado, o premier chegou a declarar que não cessaria os ataques contra Gaza até que os reféns fossem devolvidos em segurança.

Pressão política

Embora o governo israelense esteja sendo fortemente pressionado pela sociedade civil para acelerar as negociações de libertação dos reféns, partidos da coalizão que permitiu Netanyahu ascender ao poder têm se manifestado contrários ao acordo com o Hamas.

O partido de ultradireita Sionismo Religioso, liderado pelo ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse em declaração à imprensa que a proposta é "ruim para a segurança de Israel, ruim para os reféns e ruim para os soldados da IDF [Forças Armadas de Israel]. Mesmo assim, a sigla cedeu, e deu aval à proposta ao final do encontro, que acabou por volta das três da manhã, pelo horário local.

Premier do Catar: Acordo para libertação de reféns do Hamas está perto e últimos empecilhos são apenas 'logísticos
Já a legenda de extrema direita Otzma Yehudit afirmou que se oporá ao acordo na reunião de Gabinete. Segundo o ministro da Segurança Nacional e líder do partido, Itamar Ben Gvir, um acordo com reféns poderia trazer "um desastre para nós". Em vez disso, o partido diz que quer um acordo que liberte todos os cerca de 240 reféns mantidos em Gaza.

"A concordância do Hamas com o acordo indica que a IDF está realizando um ataque eficaz, é necessário continuar atacando o inimigo e levá-lo a um acordo sob condições ditadas por Israel e não sob as condições muito problemáticas que colocam em risco as forças da IDF e [fazem] distinção entre os sequestrados", diz uma declaração do partido, que foi o único a votar contra o plano.

Por outro lado, a líder do Partido Trabalhista, Merav Michaeli, afirmou que a legenda, que faz oposição ao governo Netanyahu, apoiaria o acordo. Segundo ela, a resistência da extrema direita à proposta "expõe o esquema de longa data [desses partidos]" para criar um Estado judeu teológico.

Cessar-fogo, não paz

Embora o acordo possa trazer um certo alívio ao enclave palestino, sobretudo à infraestrutura humanitária severamente destruída pelos bombardeios e ataques incessantes de Israel, é improvável que qualquer termo negociado nesta terça seja um acordo de paz definitivo entre os grupos.

A rede britânica BBC chamou a atenção para o comunicado do líder do Hamas, que utilizou o termo árabe "hudna", explicando se referir a um tipo de pausa temporária.

Quando declarou guerra ao Hamas, Netanyahu e sua cúpula política afirmaram que o grande objetivo seria a eliminação do grupo terrorista — uma meta que não parece ter mudado, embora analistas o apontem como improvável de ser atingido. Nada indica que Israel estaria disposto a rever sua relação com o grupo terrorista, fora negociações pela liberação de reféns.

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