Mais de 30 mil pessoas já morreram na guerra entre Israel e Hamas (JACQUELYN MARTIN/POOL/AFP /Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 10h31.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2024 às 10h32.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou seu primeiro plano para o futuro da Faixa de Gaza, assim que a guerra contra o Hamas acabar. A cópia do documento, que foi apresentada a membros do gabinete de segurança de Israel, foi obtida pela CNN nessa sexta-feira, 23.
Hoje, Israel pode enviar uma equipe de negociação de cessar-fogo para Paris, liderada por David Bernea, diretor do Mossad. O país pede libertação imediata dos reféns em troca do fim dos bombardeios.
A guerra ultrapassa 30 mil mortes. Dessas, 1.160 israelenses foram assassinados em um ataque do Hamas, no dia 7 de outubro. Os outros 29 mil óbitos são de palestinos e refugiados em Gaza, a grande maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Entre os princípios apresentados no plano estão mudanças no nível de segurança da região, bem como detalhes sobre quem fará a governança do território. Israel espera fechar a fronteira sul do local com o Egito, o que daria a eles o controle total da entrada e saída de Gaza. Hoje, a fronteira é controlada pelo país africano e não está claro, ainda, se o Egito aprovou o plano.
Segundo a CNN, "o plano de Netanyahu diz que Israel cooperará 'tanto quanto possível' com o Egito, em coordenação com os Estados Unidos". Um oficial israelense contou ao site que o documento já está alinhado com a nação norte-americana, muito embora não haja nenhuma reação oficial dos EUA à proposta.
Ainda no que tange a "segurança", o plano afirma que “Israel terá controle da segurança sobre toda a área a oeste da Jordânia”, isso inclui a Cisjordânia, Israel e a Faixa de Gaza. Há anos os palestinos tem como objetivo a criação de uma Autoridade Palestina que controle a região, independente da Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e em Gaza, ainda sem sucesso.
O documento explicita também que Israel será a nação responsável por “realizar e supervisionar” a desmilitarização da Faixa "pelo que for necessário para manter a ordem pública".
A CNN teve acesso, ainda, a detalhes sobre as atuações civis. O primeiro ministro de Israel pretende realizar uma revisão da administração civil e dos sistemas educativos de Gaza, "incluindo um aparente corte de financiamento do Catar para Gaza – que um governo anterior de Netanyahu aprovou e facilitou", segundo a reportagem. As entidades públicas locais “não serão identificadas com países ou entidades que apoiam o terrorismo e não receberão pagamento deles”, aponta o plano.
Netanyahu vai sugerir também a "desradicalização" do sistema educativo da Faixa de Gaza, que segundo ele, promove o antissemitismo e o ódio à Israel.
O plano inclui o total encerramento da UNRWA, agência da ONU responsável pelo apoio aos palestinos. A ideia é substituí-la “por agências de ajuda internacional responsáveis”, diz o documento. Isso porque Israel acusa funcionários da UNRWA — que tem 13 mil empregados em Gaza — de compactuarem com os ataques do Hamas.
Por fim, o plano reitera que o país israelense não reconhecerá qualquer existência de um Estado palestino, defendido por governantes no resto do globo, incluindo o Reino Unido e os Estados Unidos.
“Israel rejeita abertamente os ditames internacionais relativos a um acordo permanente com os palestinianos”, diz o esboço do primeiro-ministro. Para ele, o reconhecimento de um entidade como essa no momento atual da guerra seria “uma enorme recompensa ao terrorismo sem precedentes”.
(Com agências internacionais, AFP e O Globo)