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Islamitas aceitam suspensão de Constituinte para negociar

A Tunísia enfrenta uma crise política quase contínua desde o assassinato, em fevereiro, do político da oposição Chokri Belaid


	Onda de protestos na Tunísia: o assassinato de Brahmi, bem como o de Belaid, foram atribuídos a radicais islâmicos, e o gabinete tem sido criticado por não fazer o suficiente para impedir que crimes como esses voltem a ocorrer.
 (Anis Mili/Reuters)

Onda de protestos na Tunísia: o assassinato de Brahmi, bem como o de Belaid, foram atribuídos a radicais islâmicos, e o gabinete tem sido criticado por não fazer o suficiente para impedir que crimes como esses voltem a ocorrer. (Anis Mili/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2013 às 15h38.

O partido islamita na liderança da coalizão que governa a Tunísia afirmou nesta quarta-feira ter aceito a decisão de suspender os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, e pediu negociações para a formação de um governo de união nacional.

O chefe do partido Ennahda, Rached Ghannouchi, afirmou em um comunicado que espera que a suspensão da ANC tenha um resultado benéfico.

O presidente da ANC, Mustapha Ben Jaafar, informou na terça-feira que a Assembleia iria parar de trabalhar até que o governo e a oposição iniciassem negociações para quebrar o impasse político.

O país norte-africano enfrenta uma crise política quase contínua desde o assassinato, em fevereiro, do político da oposição Chokri Belaid. A situação foi agravada com a morte no dia 25 de julho de outra figura da oposição, Mohammed Brahimi.

Um comunicado do partido assinado por Ghannouchi afirmava: "Apesar de nossas reservas formais e legais sobre esta iniciativa, esperamos que sirva como um catalisador para que adversários políticos se sentem à mesa de negociação".

O Ennahda afirmou que esperava "uma solução de consenso neste momento delicado devido a problemas de segurança e a grandes desafios econômicos".


E disse que o partido apoia "um governo de unidade nacional que inclua todas as forças políticas convencidas da necessidade de deixar o processo democrático seguir seu curso" no âmbito da lei.

Desde a eleição da ANC, em 2011, o governo não conseguiu forjar um consenso sobre a nova Constituição, depois de uma revolução que depôs o presidente Zine El Abidine Ben Ali no mesmo ano.

Na terça-feira, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Túnis para exigir a renúncia do governo.

Os jornais desta quarta-feira afirmavam que o Ennahda e seus opositores precisam iniciar as negociações sobre a crise antes que seja tarde demais.

O Le Quotidien, altamente crítico do Ennahda, disse que a opinião de todos "é unânime quanto à gravidade da situação" e exortou o partido a fazer concessões reais.

"A hora do compromisso chegou", disse.

Analistas dizem que o momento da verdade também chegou.


"Nenhum partido, incluindo o Ennahda, pode ignorar a posição da UGTT (União Geral Tunisiana do Trabalho). O Ennaha não pode continuar sem levar em conta o fato de que as forças (econômica e social) do país não concordam com isso", afirmou o cientista político Slaheddine Jourchi.

A poderosa UGTT organizou uma greve geral para tentar pressionar o governo.

Além da instabilidade política, as forças de segurança tunisianas perderam 10 soldados desde 29 de julho e intensificaram uma operação para caçar militantes islâmicos entrincheirados na região remota do Monte Chaambi, ao longo da fronteira com a Argélia.

O assassinato de Brahmi, bem como o de Belaid, foram atribuídos a radicais islâmicos, e o gabinete tem sido criticado por não fazer o suficiente para impedir que crimes como esses voltem a ocorrer.

A oposição se recusou a participar de negociações com o governo até que ele renuncie, enquanto o Ennahda descartou qualquer diálogo condicionado a sua saída.

O primeiro-ministro do país, Ali Larayedh, se negou a renunciar, oferecendo, por sua vez, a ampliação da coalizão.

A suspensão dos trabalhos da Assembleia na terça-feira coloca em xeque o objetivo de Larayedh de fazer a ANC adotar uma nova Constituição e uma lei eleitoral até 23 de outubro, antes das eleições de 17 de dezembro.

A oposição, por sua vez, se comprometeu a manter a pressão durante os feriados muçulmanos de quatro dias - que têm início na quinta-feira - para celebrar o fim do mês de jejum do Ramadã.

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