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Iraquiano admite que mentiu sobre armas de destruição em massa

"Eu tinha um problema com o regime de Saddam. Queria desfazer-me dele e apareceu essa oportunidade", disse homem que testemunhou para autoridades norte-americanas

Execução de Saddam Hussein: testemunho falso levou à queda do ex-líder iraquiano (Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 08h38.

Londres - Um iraquiano foragido de seu país cujo testemunho contribuiu para convencer a Casa Branca de que o Iraque tinha um programa de fabricação de armas biológicas admitiu pela primeira vez ter mentido.

Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Rafid Ahmed Alwan al-Janabi, apelidado Curveball pela espionagem alemã e americana, confessou ter inventado a história porque queria ver o fim do regime de Saddam Hussein, do qual fugiu em 1995.

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"Tive a oportunidade de inventar algo para derrubar o regime. Meus filhos e eu estamos orgulhosos de termos contribuído para dar ao Iraque a atual democracia", afirmou.

Janabi nunca havia contado até agora como tinha enganado o país mais poderoso do mundo os fazendo acreditarem que o chefe do Estado iraquiano tinha armas de destruição em massa.

Em suas declarações a "The Guardian" na Alemanha, onde obteve asilo político, Janabi, que trabalhou no Iraque como engenheiro químico, disse ter mencionado em 2000 a um funcionário germânico, a quem identificou como o doutor Paul, a suposta existência de caminhões carregados com armas biológicas.

Pela sua versão da história, o BND (serviço secreto alemão) entrou em contato com ele depois em 13 de março de 2000 para obter mais informações sobre o país de Saddam Hussein.


"Eu tinha um problema com o regime de Saddam. Queria desfazer-me dele e apareceu essa oportunidade", explicou Janabi.

Janabi revelou que suas mentiras foram descobertas em meados daquele ano quando os agentes do BND viajaram a uma cidade do Golfo, supostamente Dubai, para falar com seu ex-chefe na Comissão de Indústrias Militares do Iraque.

Janabi havia contado ao serviço secreto alemão que um filho de seu ex-chefe, que estudava no Reino Unido, estava encarregado de fornecer armas de destruição em massa ao regime iraquiano, o que comprovaram ser falso.

O próprio ex-chefe de Janabi negou que o Iraque tivesse armas biológicas montadas em caminhões assim como outra história inventada por Janabi, sobre a morte de 12 pessoas em um acidente ocorrido em uma fábrica de armas desse tipo em Bagdá.

Janabi explicou que, após a descoberta da mentira, o BND não voltou a contatá-lo até maio de 2002, mas logo se deu conta de que os alemães seguiam o levando a sério.

Os agentes disseram que se não cooperasse não permitiriam que sua esposa marroquina, na época grávida e que estava na Espanha, se reunisse com ele na Alemanha.

As reuniões com a espionagem alemã continuaram durante todo o ano 2002 e em breve Janabi compreendeu que estavam em busca de um pretexto para atacar o Iraque.

Na entrevista, Janabi disse estar satisfeito com sua mentirosa atuação apesar do caos nos oito últimos anos e os mais de 100 mil mortos registrados naquela guerra.

"Em qualquer guerra morrem pessoas. Mas que outra solução havia? Acreditaram em mim, não havia outra forma de levar a democracia ao Iraque", declarou.

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