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Irã 'não está longe' de obter bomba nuclear, diz chefe da AIEA

Rafael Grossi, diretor da agência, visita Teerã dias antes da segunda rodada de diálogos entre o governo do país com os Estados Unidos sobre armas nucleares

Rafael Grossi: diretor da AIEA visita Teerã dias antes das negociações entre EUA e Irã (YUICHI YAMAZAKI/AFP/Getty Images)

Rafael Grossi: diretor da AIEA visita Teerã dias antes das negociações entre EUA e Irã (YUICHI YAMAZAKI/AFP/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 16 de abril de 2025 às 15h20.

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O Irã "não está longe" de obter a bomba nuclear, disse o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), horas antes de sua chegada a Teerã para tratar do tema nuclear.

Os Estados Unidos e outros países ocidentais suspeitam que o Irã quer obter a arma nuclear. Teerã rejeita as acusações e defende o uso nuclear para fins civis, sobretudo de geração de energia.

"É como um quebra-cabeça, eles têm as peças e algum dia podem juntá-las. Ainda falta para isso. Mas não estão longe, é preciso admitir", disse Rafael Grossi, em entrevista ao jornal francês Le Monde, publicada nesta quarta-feira, 16.

Sua visita à capital iraniana ocorre dias antes de Irã e Estados Unidos realizarem uma segunda rodada de diálogos sobre o espinhoso tema nuclear.

A AIEA, organismo da ONU sediado em Viena, é encarregada de verificar o caráter pacífico do programa nuclear iraniano.

"Não basta dizer à comunidade internacional, 'Não temos armas nucleares' para que acreditem. É preciso poder verificá-lo", acrescentou Grossi na entrevista.

O chefe da AIEA tem previsto se reunir nas próximas horas com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, e na quinta-feira com o diretor da Organização da Energia Atômica do Irã, Mohamad Eslami, segundo a agência de notícias Isna.

As conversas indiretas entre Irã e Estados Unidos, cuja primeira rodada ocorreu no fim de semana passado em Omã, com mediação do sultanato, continuarão no próximo sábado em Roma, e não em Omã, reportou a TV estatal iraniana.

Abbas Araqchi disse, nesta quarta-feira, que o enriquecimento de urânio "não era negociável" para Teerã.

Na terça-feira, o enviado do presidente americano, Donald Trump, Steve Witkoff, instou Teerã a parar de enriquecer urânio como parte de qualquer acordo.

Na véspera, o emissário americano parecia indicar o contrário, quando se absteve de reivindicar o desmonte total do programa nuclear iraniano em entrevista à emissora Fox News.

"Temos ouvido posições contraditórias" de parte de autoridades americanas, disse Araqchi, que estará na quinta-feira na Rússia para tratar do tema nuclear.

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, expressou, na terça-feira, sua satisfação com os diálogos recentes com os Estados Unidos, embora também tenha ressaltado sua desconfiança com seus interlocutores.

A Rússia é um dos membros de um acordo nuclear internacional assinado com o Irã em 2015, mas que veio abaixo após a decisão dos Estados Unidos de deixar o pacto três anos depois. França, Reino Unido, China e Alemanha também fazem parte do acordo.

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