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Irã denuncia "guerra psicológica" ante novas sanções iminentes dos EUA

Washington vai impor, a partir desta terça, 7, nova rodada de medidas punitivas para bloquear acesso iraniano a divisas americanas e afetar indústrias-chave

Hassan Rohani: "Se você é um inimigo e enfia uma faca em alguém e em seguida diz que quer negociar, a primeira coisa a fazer é tirar a faca" (Adrees Latif/Reuters)

Hassan Rohani: "Se você é um inimigo e enfia uma faca em alguém e em seguida diz que quer negociar, a primeira coisa a fazer é tirar a faca" (Adrees Latif/Reuters)

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AFP

Publicado em 6 de agosto de 2018 às 19h25.

O convite dos Estados Unidos para novas negociações com o Irã enquanto restabelece sanções econômicas é insensato, afirmou o presidente iraniano, Hassan Rohani, nesta segunda-feira (6), denunciando uma tentativa de "guerra psicológica".

Washington vai impor, a partir desta terça-feira, uma nova rodada de medidas punitivas para bloquear o acesso iraniano a divisas americanas e afetar indústrias-chave, como o setor automotivo e de aviação comercial.

"Se você é um inimigo e enfia uma faca em alguém e em seguida diz que quer negociar, a primeira coisa a fazer é tirar a faca", disse Rohani em entrevista, na qual afirmou ainda que seu pais "sempre esteve aberto às negociações.

Contudo, "negociações com sanções não faz sentido", acrescentou.

"Como eles podem mostrar que são dignos de confiança? Voltando ao acordo", afirmou, referindo-se ao acordo nuclear iraniano, concluído em 2015 e do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em maio.

Pouco antes das declarações de Rohani, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha alertado o Irã sobre seu comportamento "desestabilizador", mas deixado a porta aberta para um novo acordo nuclear.

"O regime iraniano tem escolha", afirmou o presidente americano. "Pode mudar sua atitude ameaçadora e desestabilizadora e se reintegrar à economia mundial, ou pode continuar na rota do isolamento econômico".

"Continuo aberto a alcançar um acordo mais amplo que aborde toda a gama de atividades malignas do regime, incluindo seu programa de mísseis balísticos e seu apoio ao terrorismo", concluiu.

Desvalorização e protestos

Antes da volta das sanções americanas, o rial iraniano já perdeu quase metade de seu valor desde o anúncio de Trump.

Nos últimos dias, foram registradas manifestações esporádicas em várias cidades, assim como greves, fruto da cada vez maior insatisfação popular com o sistema político. No entanto, as duras restrições dificultam a verificação independente das publicações divulgadas nas redes sociais a esse respeito.

Em 5 de novembro, a segunda fase de sanções proibirá as vendas de petróleo do Irã e será mais prejudicial - embora países como China, Índia e Turquia tenham dito que não vão cortar completamente suas compras da commodity.

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, disse que o bloco, assim como o Reino Unido, a França e a Alemanha, lamentam profundamente a decisão de Washington.

"Estamos determinados a proteger os operadores econômicos europeus que estão envolvidos em negócios legítimos com o Irã", disse ela em um comunicado.

Mas muitas grandes empresas europeias estão deixando o Irã por medo de sanções.

"Pessoas ou entidades que não cancelarem suas atividades com o Irã estão em risco de sérias consequências", disse Trump na segunda-feira.

Rohani abrandou as regras cambiais no domingo, permitindo a importação ilimitada de moeda estrangeira e ouro livre de impostos e a reabertura de casas de câmbio após uma tentativa fracassada de fixar o valor do rial em abril.

As medidas pareceram acalmar os mercados nesta segunda: o rial ganhou força, a 95.500 por dólar, uma melhoria de 20% na sua queda histórica a 119.000 há duas semanas.

Novo acordo?

Depois de meses de retórica violenta, na semana passada Trump surpreendeu, ao afirmar que estava disposto a se reunir com os dirigentes iranianos, sem condições prévias.

Mas o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, afirmou ser difícil imaginar uma renegociação do programa nuclear iraniano alcançado em 2015, após anos de negociações entre Teerã e as potências ocidentais (EUA, Reino Unido, França e Alemanha, além de Rússia e China).

O acordo tem como objetivo garantir o caráter estritamente pacífico das atividades nucleares da República Islâmica em troca do fim progressivo das sanções econômicas.

Há boatos de que Trump e Rohani poderiam se reunir em Nova York em setembro, na assembleia geral da ONU, embora segundo pessoas próximas o iraniano tenha negado convites dos EUA no ano passado.

 

 

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