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Irã defende pacto nuclear sem se curvar diante dos EUA

Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, a tensão tem aumentado, até que em outubro o presidente americano ameaçou abandonar o pacto nuclear

Bandeira do Irã ao lado de míssil (VAHID REZA ALAEI/AFP/Getty Images/AFP)
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EFE

Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 21h21.

Teerã - O Irã tem se mantido firme em 2017 no cumprimento do acordo nuclear multilateral e na defesa do seu direito de desenvolver mísseis, apesar da incerteza provocada pelas pressões dos Estados Unidos e as contínuas ameaças cruzadas.

Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, a tensão tem aumentado, até que em outubro o presidente americano ameaçou abandonar o pacto nuclear se este não for modificado, uma possibilidade rejeitada taxativamente pelo Irã.

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Entretanto, o Congresso americano deixou passar este mês, sem tomar medidas ou reimpor sanções, o prazo dado por Trump, que volta a ter em suas mãos o futuro do acordo, cujo cumprimento por parte do Irã foi ratificado pela Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA).

O pacto, assinado em julho de 2015 entre o Irã e o Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido, mais a Alemanha), limita o programa atômico de Teerã em troca da retirada das sanções internacionais.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou em várias ocasiões que seu país "não será o primeiro a descumprir" o pacto, conhecido formalmente como JCPOA, mas exigiu reciprocidade aos demais signatários.

Neste sentido, o negociador nuclear e vice-ministro do Irã, Majid Tajte Ravanchi, advertiu em entrevista com a Agência Efe em outubro que, "em termos práticos", não se pode renegociar o acordo porque "esta caixa de Pandora nunca será fechada de novo".

"Se os EUA se retirarem do JCPOA e o Irã sentir que não obtém benefícios, não esperaremos nem um segundo (para abandoná-lo) e voltaremos facilmente ao nosso programa atômico", disse Ravanchi.

Washington busca a todo custo conter a influência regional do Irã e seus programas armamentísticos, mas as autoridades iranianas também deixaram claro que não existe negociação possível sobre seus sistemas de mísseis balísticos.

Estes sistemas - afirmam - têm um caráter unicamente defensivo e não representam uma ameaça para outros países, embora militares do alto escalão tenham advertido este ano que os mísseis podem alcançar as bases militares dos EUA na região.

EUA e Europa expressaram sua preocupação com os testes com mísseis balísticos de Teerã, e Washington impôs várias rodadas de sanções contra entidades e indivíduos iranianos vinculados a este programa militar.

"Não negociaremos com o inimigo em assuntos que nos proporcionam soberania nacional", afirmou em outubro o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, que disse que os EUA "estão zangados porque a República Islâmica pôde frustrar seus complôs no Iraque e na Síria".

O Irã apoiou os governos de Bagdá e Damasco em sua luta contra o terrorismo com assessores militares e com milicianos xiitas, uma influência regional especialmente temida por Israel e pela Arábia Saudita.

Em novembro, o Irã deu como derrotado o grupo jihadista Estado Islâmico (EI): "Podemos dizer que este mal foi eliminado e reduzido (...). Suas bases foram desmanteladas", afirmou Rohani.

O líder manteve este ano seu discurso moderado e sua política de estabelecer relações construtivas com todo o mundo, inclusive com a Arábia Saudita, embora esta aproximação esteja longe de acontecer.

Rohani foi reeleito para um segundo mandato nas eleições de maio com 57% dos votos, derrotando seu principal oponente, o influente clérigo conservador Ebrahim Raisi.

O presidente iraniano conseguiu mobilizar eleitorado levantando temores de que um retorno dos conservadores ao poder prejudicaria as liberdades civis e os direitos humanos, campos em que houve algum avanço no Irã, mas a conta-gotas.

O principal desafio de Rohani, além de consolidar a abertura internacional do Irã, é dinamizar a economia, diminuindo o desemprego e atraindo mais investimento estrangeiro.

Junto às tensões com os EUA e a Arábia Saudita, a incerteza em torno do acordo nuclear e a vitória dos reformistas nas eleições, 2017 foi marcado no Irã por várias fatos trágicos.

No início do ano, morreu o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanyani, uma das personalidades mais influentes da cena política iraniana desde a Revolução Islâmica e apoiador firme de Rohani.

Meses depois, o EI perpetrou seu primeiro atentado em solo iraniano, no qual 18 pessoas morreram e 50 ficaram feridas em um duplo ataque em junho contra o Parlamento e o emblemático mausoléu do imã Khomeini.

Em novembro, um terremoto de magnitude 7,3 deixou 620 mortos e mais de 12 mil feridos na província ocidental de Kermanshah, deixando de luto o país neste fim de ano.

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