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Irã acusa EUA de tentar dificultar grande acordo nuclear

Em seu discurso, o vice-presidente do Irã exigiu que todas as partes do acordo cumpram com suas obrigações para manter o acordo "operativo"

Ali Akbar Saleh: a troca de acusações e advertências ocorreu durante a 61ª Conferência Geral do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) (Leonhard Foeger/Reuters)

Ali Akbar Saleh: a troca de acusações e advertências ocorreu durante a 61ª Conferência Geral do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) (Leonhard Foeger/Reuters)

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EFE

Publicado em 18 de setembro de 2017 às 09h28.

Viena - O Irã acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos de dificultarem o grande acordo nuclear multinacional de 2015, enquanto Washington advertiu que não aceitará o tratado atômico sem a supervisão adequada.

Esta troca de acusações e advertências ocorreu durante a 61ª Conferência Geral do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), que começou hoje em Viena.

Em seu discurso, o vice-presidente do Irã e responsável pela autoridade nuclear do país, Ali Akbar Salehi, acusou os EUA de impor "dificuldades inaceitáveis e obstáculos" para implementar o tratado e exigiu que todas as partes do acordo cumpram com suas obrigações para mantê-lo "operativo".

"Qualquer ação ou medida para debilitar ou abolir o acordo nuclear sob qualquer pretexto (...) prejudicará e colocará em perigo esta conquista histórica, não só em detrimento de seus participantes, mas de toda a comunidade internacional", disse Salehi.

O acordo nuclear, assinado em julho de 2015 pelo Irã e seis grandes potências (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), pôs fim a 12 anos de conflito em torno do polêmico programa atômico iraniano.

Diante das acusações do governo de Donald Trump de que o Irã não está cumprindo o acordo, Salehi destacou que, conforme "certifica periodicamente a OIEA", seu país "cumpre de forma honesta todas as suas obrigações com o acordo".

Este tratado estabelece uma redução e congelamento temporário, de até 25 anos, de certas partes do programa nuclear iraniano, em troca de uma eliminação das sanções internacionais contra o país.

O secretário de Energia americano, Rick Perry, não detalhou hoje em Viena as acusações de seu governo contra o Irã, mas advertiu que os EUA "não aceitarão um acordo aplicado de forma debilitada e vigiado inadequadamente".

Além disso, Perry destacou que "é fundamental que a OIEA exerça sua plena autoridade" na hora de verificar "a adesão do Irã a todas as obrigações nucleares do tratado".

A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, esteve no final de agosto em Viena, onde pediu ao secretário-geral da OIEA, Yukiya Amano, que seus especialistas intensifiquem as medidas de vigilância, incluindo instalações militares, no Irã.

Salehi disse nesta segunda-feira que estas exigências são "injustificadas" e acusou o governo de Trump de adotar uma "atitude abertamente hostil".

Segundo o representante iraniano, os EUA "violam o espírito do acordo" e tentam bloquear o aceso do Irã aos benefícios "legítimos" no âmbito do tratado.

O próprio Amano destacou em um discurso na conferência em Viena que o regime de verificação e vigilância do programa nuclear do Irã "é o mais sólido do mundo".

Os 168 países membros da OIEA realizam nesta semana sua Conferência Geral em Viena, que neste ano coincide com o início da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York.

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