Mundo

Índia descobre plano para assassinar premiê de Bangladesh

Grupo militante proscrito estaria planejando assassinar a primeira-ministra Sheikh Hasina e dar um golpe

Premiê de Bangladesh, Sheikh Hasina, discursa durante cúpula sobre operações internacionais de paz, na sede da ONU (Andrew Gombert/Reuters)

Premiê de Bangladesh, Sheikh Hasina, discursa durante cúpula sobre operações internacionais de paz, na sede da ONU (Andrew Gombert/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2014 às 16h16.

Nova Délhi - A principal agência de contraterrorismo da Índia descobriu um suposto plano de um grupo militante proscrito para assassinar a primeira-ministra de Bangladesh e dar um golpe, informaram três autoridades de segurança indianas do primeiro escalão à Reuters nesta terça-feira.

A Índia irá entregar um dossiê a Bangladesh com detalhes do plano dos membros do Jamaat-ul-Mujahideen, que realizou dezenas de ataques no país vizinho a leste da Índia, disseram funcionários do governo e da polícia.

Bangladesh não comentou diretamente as afirmações de que a premiê, Sheikh Hasina, era o alvo da trama, mas declarou ter reforçado a segurança na fronteira com a Índia.

Majoritariamente muçulmano, Bangladesh já sofreu três grandes golpes de Estado e duas dezenas de rebeliões menores desde que se tornou independente do Paquistão em 1971 em uma guerra que matou e deslocou milhões de pessoas.

A suposta conspiração foi descoberta depois que dois membros do grupo foram mortos por uma explosão enquanto fabricavam bombas caseiras em uma residência de Bengala Ocidental, no leste da Índia, no início do mês.

A polícia indiana disse que os militantes eram naturais de Bangladesh e usavam a Índia como base para planejar seus atentados.

“A estratégia era mirar líderes políticos do país e demolir a infraestrutura democrática de Bangladesh”, afirmou um funcionário do Ministério do Interior da Índia, falando sob condição de anonimato.

"Tudo isso estava sendo planejado em solo indiano, e poderíamos ser acusados se houvesse um ataque."

Na segunda-feira, o conselheiro de Segurança Nacional indiano, Ajit Doval, visitou a casa onde ocorreu a explosão e se reuniu com o ministro-chefe de Bengala Ocidental, Mamata Banerjee, para discutir a situação.

As revelações surgem tendo como pano de fundo uma fricção política entre o primeiro-ministro nacionalista da Índia, Narendra Modi, e Banerjee no início do ano.

Quando fez uma parada em Bengala Ocidental durante a campanha eleitoral, antes de sua vitória na eleição geral de maio, Modi declarou que os imigrantes ilegais de Bangladesh deveriam “fazer as malas” se ele fosse eleito.

Analistas disseram que o discurso pretendeu mobilizar a base de apoio hindu de Modi contra Banerjee, que lidera um partido regional em Bengala Ocidental apoiado por muitos dos muçulmanos que compõem um quarto da população de 90 milhões de pessoas do Estado.

O ministro do Interior de Bangladesh, Asaduzzaman Khan, afirmou que a capital, Daca, foi alertada sobre um possível complô militante.

“Recebemos esta informação extraoficialmente da Índia sobre uma ameaça terrorista contra políticos de destaque em Daca. É a primeira vez que surge tal informação”, disse Khan.

O secretário nacional de Bengala Ocidental, Basudeb Banerjee, não quis comentar.

O Jamaat-ul-Mujahideen também planejou assassinar a líder da oposição do país, Khaleda Zia, afirmaram autoridades indianas. A premiê Hasina e Zia, sua maior adversária, dominam a política de Bangladesh há mais de uma década.

As autoridades de segurança, que solicitaram anonimato por não terem autorização para falar oficialmente, não explicaram como os militantes pretendiam cometer os assassinatos.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaBangladeshÍndiaViolência política

Mais de Mundo

Para Lula, Milei fala muita "bobagem" e deve "pedir desculpas" ao Brasil

Sonda chinesa retorna à Terra com amostras do lado oculto da Lua

Anistia Internacional faz alerta de 'retrocesso' da Argentina em questões de gênero e meio ambiente

Argentina inicia julgamento de brasileiro por tentativa de homicídio a Cristina Kirchner

Mais na Exame