Independência da Escócia é incógnita a um ano do plebiscito
A um ano do plebiscito sobre a independência da Escócia, o apoio a uma separação do Reino Unido ainda é uma questão indefinida
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2013 às 13h15.
Londres - A um ano do plebiscito sobre a independência da Escócia , o apoio a uma separação do Reino Unido ainda é uma questão indefinida, com pesquisas disputadas e a classe política dividida sobre uma questão que definirá o futuro da região.
Tanto os defensores do "sim", liderados pelo governante Partido Nacionalista Escocês (SNP), de Alex Salmond, como os do "não", com o ministro britânico para a Escócia, Michael Moore, à frente do grupo, elevaram o tom do discurso nos últimos dias para tentar conquistar apoio dos indecisos, cujo voto será crucial no plebiscito de 18 de setembro de 2014.
A maioria das enquetes dá a vitória aos "unionistas", partidários de permanecer no Reino Unido, com um apoio à independência entre 25% a 37%. Uma pesquisa recente encomendada pelo governo escocês, no entanto, indicou que entre os eleitores que sabem com certeza que participarão da consulta, 44% votará pela separação, contra 43% que disseram ser contra.
O diretor da campanha "Better Together" (Melhor juntos), Blair McDougall, reconhece que "a autocomplacência" pode ser um problema para os defensores da situação atual.
"Cada vez que é feito uma pesquisa dizemos o mesmo: o que no final valerá a vitória será se as pessoas votarão ou não. Se os (unionistas) ficam em casa e o restante vai votar, podem se deparar com um resultado que não esperavam e a independência sairá", advertiu.
Já campanha independentista "Sim Escócia", segundo seu diretor, Blair Jenkins, acredita por sua parte que para conquistar apoio é preciso falar com o maior número possível de escoceses, pois "tudo indica que quanto mais informados estão sobre o plebiscito, mais se inclinam pelo sim".
O governo escocês de Alex Salmond está convencido que nos próximos meses conseguirá persuadir o eleitorado das vantagens da independência, com a mensagem principal de que a "Escócia será mais próspera se as decisões que a afetam forem tomadas em Edimburgo".
"Esta é a verdade, simples mas convincente, que reside no centro de nosso argumento pela independência", explicou o ministro.
O Executivo autônomo apresentará em breve o chamado "Livro Branco", onde se espera que dê detalhes sobre como se organizaria uma Escócia independente, entre críticas que afirmam que o governo local apresentou propostas vagas sobre defesa, política externa e economia.
"O argumento pró-independência se baseou em propostas ao ar e incertezas", criticou Michael Moore.
"A realidade é que a separação seria uma mudança muito grande", acrescentou Moore, cujo principal argumento contra a independência é que os escoceses "podem se beneficiar do melhor de ambos os mundos" ao continuarem com a união com a Inglaterra forjada em 1707.
"Escócia é mais forte e tem mais oportunidades como parte da família de nações do Reino Unido", disse o ministro de origem escocês.
Segundo a visão de Salmond, uma Escócia independente se manteria sob a coroa britânica, poderia conservar a libra esterlina e manter acordos de seguridade social com seus vizinhos do sul, promessas que Moore vê como uma tentativa do líder do SNP de "minimizar o risco" da ruptura.
Todas as partes do debate concordam, no entanto, que na hora de atrair o voto, o argumento que é preciso utilizar é o econômico.
Embora Salmond sustente que com o controle de seus recursos econômicos a Escócia brilharia com luz própria, a patronal britânica de empresários advertiu que a independência "pode ter um alto custo".
"Que implicações teria para nosso mercado de trabalho unificado, infraestrutura integrada, nosso catálogos de acordos comerciais e nossa posição na União Europeia?", pergunta-se o presidente da Confederação da Indústria Britânica (CBI), Michael Rake.
Enquanto tenta esclarecer estas dúvidas, o SNP, que governa com maioria a Escócia desde 2011, acelera o trâmite parlamentar das leis que organizarão o histórico plebiscito, no qual poderão participar os escoceses maiores de 16 anos.
Qualquer que seja o resultado da consulta, a Escócia alcançará contrapartidas pois o primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, indicou que recompensará o "não" com mais autonomia para os escoceses. EFE
Londres - A um ano do plebiscito sobre a independência da Escócia , o apoio a uma separação do Reino Unido ainda é uma questão indefinida, com pesquisas disputadas e a classe política dividida sobre uma questão que definirá o futuro da região.
Tanto os defensores do "sim", liderados pelo governante Partido Nacionalista Escocês (SNP), de Alex Salmond, como os do "não", com o ministro britânico para a Escócia, Michael Moore, à frente do grupo, elevaram o tom do discurso nos últimos dias para tentar conquistar apoio dos indecisos, cujo voto será crucial no plebiscito de 18 de setembro de 2014.
A maioria das enquetes dá a vitória aos "unionistas", partidários de permanecer no Reino Unido, com um apoio à independência entre 25% a 37%. Uma pesquisa recente encomendada pelo governo escocês, no entanto, indicou que entre os eleitores que sabem com certeza que participarão da consulta, 44% votará pela separação, contra 43% que disseram ser contra.
O diretor da campanha "Better Together" (Melhor juntos), Blair McDougall, reconhece que "a autocomplacência" pode ser um problema para os defensores da situação atual.
"Cada vez que é feito uma pesquisa dizemos o mesmo: o que no final valerá a vitória será se as pessoas votarão ou não. Se os (unionistas) ficam em casa e o restante vai votar, podem se deparar com um resultado que não esperavam e a independência sairá", advertiu.
Já campanha independentista "Sim Escócia", segundo seu diretor, Blair Jenkins, acredita por sua parte que para conquistar apoio é preciso falar com o maior número possível de escoceses, pois "tudo indica que quanto mais informados estão sobre o plebiscito, mais se inclinam pelo sim".
O governo escocês de Alex Salmond está convencido que nos próximos meses conseguirá persuadir o eleitorado das vantagens da independência, com a mensagem principal de que a "Escócia será mais próspera se as decisões que a afetam forem tomadas em Edimburgo".
"Esta é a verdade, simples mas convincente, que reside no centro de nosso argumento pela independência", explicou o ministro.
O Executivo autônomo apresentará em breve o chamado "Livro Branco", onde se espera que dê detalhes sobre como se organizaria uma Escócia independente, entre críticas que afirmam que o governo local apresentou propostas vagas sobre defesa, política externa e economia.
"O argumento pró-independência se baseou em propostas ao ar e incertezas", criticou Michael Moore.
"A realidade é que a separação seria uma mudança muito grande", acrescentou Moore, cujo principal argumento contra a independência é que os escoceses "podem se beneficiar do melhor de ambos os mundos" ao continuarem com a união com a Inglaterra forjada em 1707.
"Escócia é mais forte e tem mais oportunidades como parte da família de nações do Reino Unido", disse o ministro de origem escocês.
Segundo a visão de Salmond, uma Escócia independente se manteria sob a coroa britânica, poderia conservar a libra esterlina e manter acordos de seguridade social com seus vizinhos do sul, promessas que Moore vê como uma tentativa do líder do SNP de "minimizar o risco" da ruptura.
Todas as partes do debate concordam, no entanto, que na hora de atrair o voto, o argumento que é preciso utilizar é o econômico.
Embora Salmond sustente que com o controle de seus recursos econômicos a Escócia brilharia com luz própria, a patronal britânica de empresários advertiu que a independência "pode ter um alto custo".
"Que implicações teria para nosso mercado de trabalho unificado, infraestrutura integrada, nosso catálogos de acordos comerciais e nossa posição na União Europeia?", pergunta-se o presidente da Confederação da Indústria Britânica (CBI), Michael Rake.
Enquanto tenta esclarecer estas dúvidas, o SNP, que governa com maioria a Escócia desde 2011, acelera o trâmite parlamentar das leis que organizarão o histórico plebiscito, no qual poderão participar os escoceses maiores de 16 anos.
Qualquer que seja o resultado da consulta, a Escócia alcançará contrapartidas pois o primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, indicou que recompensará o "não" com mais autonomia para os escoceses. EFE