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Incêndios na Austrália matam meio bilhão de animais; temperaturas sobem

Desde o início da temporada de incêndios, mais de 1,3 mil casas foram reduzidas a cinzas e 5,5 milhões de hectares foram destruídos

Animais: 480 milhões foram mortos desde setembro (Fairfax Media / Colaborador/Getty Images)

Animais: 480 milhões foram mortos desde setembro (Fairfax Media / Colaborador/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2020 às 21h04.

Última atualização em 2 de janeiro de 2020 às 21h15.

São Paulo --- Os incêndios que vêm devastando a Austrália mataram 480 milhões de animais desde setembro, incluindo mamíferos, pássaros e répteis, segundo ecologistas da Universidade de Sydney.

Os coalas são os que mais têm sofrido e quase um terço da população da espécie morreu em Nova Gales do Sul, na costa leste, habitat natural dos bichos. Isso acontece porque eles se movem de forma mais lenta e só comem folhas de árvores de eucalipto, que são cobertas por óleo, o que as torna extremamente inflamáveis.

Em Nova Gales, os incêndios já devastaram 3,6 milhões de hectares, o que representa 70% de toda a área queimada no país.

A chefe do governo estadual, Gladys Berejiklian, declarou estado de emergência com duração de sete dias para permitir a retirada forçada de pessoas a partir de sexta-feira.

Desde o início da temporada de incêndios, em setembro, esta é a terceira vez que é declarado um estado de emergência em Nova Gales do Sul, o estado mais populoso da Austrália.

"Não tomamos esse tipo de decisão de ânimo leve, mas queremos garantir que são tomadas todas as medidas necessárias para nos prepararmos para o que pode ser um sábado horrível", explicou Berejiklian.

A declaração foi feita pouco depois de os bombeiros de Nova Gales do Sul terem pedido aos turistas para saírem de uma área costeira de 200 km de extensão, que abrange a cidade de Batemans Bay (a cerca de 300 km ao sul de Sydney) e se estende até o sul do estado de Victoria.

Mortes na Austrália

Desde setembro, os incêndios na Austrália já provocaram a morte de pelo menos 18 pessoas, mas o número poderá subir.

Nesta quinta-feira, por exemplo, as autoridades australianas confirmaram a morte de mais uma pessoa por causa dos incêndios que estão devastando o sudeste do país, o que aumenta para 17 o número de vítimas nos últimos meses, enquanto milhares de pessoas se preparam para deixar suas casas em áreas ameaçadas.

O mais recente caso de falecimento aconteceu no estado de Victoria, segundo confirmou o governador Daniel Andrews.

Nesta segunda localidade já são 15 mortos, sete apenas desde segunda-feira. Por isso, as autoridades locais ordenaram a evacuação de diversos pontos do litoral, antes que haja o agravamento das condições, como esperado para o próximo sábado.

"A prioridade hoje é combater o fogo e evacuar, deixar as pessoas a salvo. O que é absolutamente importante é que continuemos mantendo o foco nessas tarefas importantes", disse o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, em entrevista coletiva.

O calor continua

As autoridades têm orientado às pessoas a saírem das áreas mais afetadas antes de sábado, dia em que se esperam fortes rajadas de vento e temperaturas acima dos 40°C.

A evacuação da área não turística será "a maior de todos os tempos na região", disse o ministro dos Transportes da Nova Gales do Sul, Andrew Constance.

Uma longa fila de carros se formou nesta quinta na autoestrada em direção a Sydney. Um dos condutores disse à AFP que demorou mais de três horas para percorrer apenas 50 quilômetros.

O diretor-adjunto dos bombeiros, Rob Rogers, admitiu que é impossível, neste momento, apagar ou sequer controlar os incêndios em curso no estado.

"Existem tantos nesta área que não conseguimos conter", admitiu, acrescentando que, neste momento, o papel dos bombeiros é "apenas garantir que mais ninguém atravesse na frente dos fogos".

Mais de 400 casas foram destruídas nos últimos dias, número que também deve aumentar à medida que os bombeiros conseguem chegar às aldeias mais remotas.

Navios e aviões militares foram enviados, juntamente com equipes de emergência, para fornecer ajuda humanitária e avaliar os danos nas áreas mais remotas.

Dois navios chegaram hoje de manhã à cidade costeira de Mallacoota, onde as pessoas estão, desde terça-feira, refugiadas na praia para fugir das chamas que atingiram a cidade.

Em um primeiro momento, deverão ser retiradas até 4 mil pessoas, mas as operações podem durar várias semanas, segundo as autoridades.

O comandante da Força de Combate a Incêndios do estado de Victoria, Doug Laidlaw, explicou que as pessoas devem começar a chegar aos navios na sexta-feira de manhã e ressaltou que as crianças, os doentes e os idosos têm prioridade.

Desde o início da temporada de incêndios, mais de 1,3 mil casas foram reduzidas a cinzas e 5,5 milhões de hectares foram destruídos, o que representa uma área maior que a de um país como a Dinamarca ou a Holanda.

A crise provocou protestos para exigir do governo medidas imediatas contra o aquecimento global. Cientistas dizem ser esta a causa destes incêndios.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, que renovou recentemente o seu apoio à indústria de carvão australiana, tem sido amplamente criticado.

(Agência Brasil e AFP)

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