Polícia e bombeiros na frente de escola onde houve incêndio: o fogo teria começado com um curto-circuito ou em um aparelho de combate a mosquitos (A. Ananthalakshmi/Reuters)
AFP
Publicado em 13 de setembro de 2017 às 23h01.
Última atualização em 14 de setembro de 2017 às 11h55.
Vinte e três pessoas, a maioria estudantes, morreram no incêndio que atingiu uma escola religiosa em Kuala Lumpur, na Malásia, na madrugada desta quinta-feira.
O incêndio aconteceu na escola religiosa Tahfiz Darul Quran Ittifaqiyah, localizada em Datuk Keramat, antes do amanhecer.
Os bombeiros seguiram imediatamente para o local, mas o incêndio prosseguiu por mais uma hora.
O corpo de bombeiros confirmou o balanço de 21 estudantes e dois professores mortos no incêndio. De acordo com a polícia, os alunos eram todos homens, com idades entre 11 e 17 anos.
Muitos corpos foram encontrados uns sobre os outros, o que dá a entender que os jovens correram para a saída para tentar escapar das chamas.
De acordo com as autoridades, 14 alunos conseguiram escapar e sete foram hospitalizados.
"Eu acho que este é um dos piores desastres de incêndios do país nos últimos 20 anos. Agora estamos investigando a causa do fogo", disse à AFP Khirudin Drahman, chefe do Departamento de Bombeiros e Resgate de Kuala Lumpur.
Outro funcionário do Departamento de Bombeiros no local disse que o incêndio atingiu os quartos antes do amanhecer, e que bombeiros chegaram na escola em poucos minutos.
Fotografias publicadas pela imprensa local mostram as camas queimadas e a fumaça no local. Testemunhas relataram como os jovens tentaram, em vão, escapar das chamas e os vizinhos ouviam seus gritos, impotentes.
"As crianças tentaram desesperadamente escapar das chamas, mas as grades impediram sua saída do prédio", declarou à TV o ministro dos Território da Federação Malaia, Tengku Adnan Tengku Mansor.
O chefe da polícia de Kuala Lumpur, Amar Singh, declarou que "os corpos ficaram completamente carbonizados".
"Infelizmente, havia apenas uma saída e não conseguiram escapar. Todos os corpos foram encontrados amontoados", revelou Singh, acrescentando que os alunos eram meninos de 11 a 17 anos.
O jornal The Star informou que vizinhos da escola realizavam a oração de madrugada quando ouviram gritos de pedido de ajuda enquanto o andar superior do prédio era devorado pelas chamas.
Norhayati Abdul Halim, que mora em frente à escola, disse à AFP que ouviu os gritos.
"Pensei que era uma briga. Abri a a janela e vi a escola em chamas. Pediam ajuda, mas não pude fazer nada", disse a mulher de 46 anos.
O incêndio teria começado com um curto-circuito ou em um aparelho de combate aos mosquitos, segundo os bombeiros.
Khirudin Drahman afirmou que esta é a maior tragédia provocada por um incêndio no país em 20 anos.
"A escola religiosa não tinha licença de funcionamento concedida pelas autoridades locais. A escola não possuía nem o aval das autoridades religiosas locais. Numerosas outras escolas religiosas no país" operam ilegalmente, destacou o ministro dos Territórios.
O vice-ministro dos Territórios da Federação Malaia, Loga Bala Mohan, manifestou seu pesar aos familiares das vítimas e pediu que as causas da tragédia sejam apuradas rapidamente.
As escolas tahfiz são institutos religiosos nos quais os jovens estudam o Corão na Malásia, onde mais de 60% da população é muçulmana.
O jornal The Star informou que as autoridades já haviam alertado para o risco de incêndio pela falta de medidas de segurança em outras instituições.
Desde 2015 foram registrados 211 incêndios em centros de ensino similares em todo o país.
Em agosto, 16 pessoas escaparam das chamas em um tahfiz de Baling, no estado de Kedah (norte).
O país tem 519 escolas tahfiz, a maioria sem licença, de acordo com o jornal.
Um incêndio em 1989 no estado de Kedah matou 27 alunas.