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Imigração toma conta de campanha democrata

Após as primárias em Iowa e New Hampshire, neste sábado será a vez de Nevada, um estado que apresenta grande diversidade étnica


	Sanders e Hillary: "É inaceitável que, em 2016, haja gente como Trump e outros que usam os muçulmanos e os latinos como bodes expiatórios"
 (Jim Young / Reuters)

Sanders e Hillary: "É inaceitável que, em 2016, haja gente como Trump e outros que usam os muçulmanos e os latinos como bodes expiatórios" (Jim Young / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 07h21.

Washington - O tema da imigração concentrou nesta quinta-feira as atenções de grande parte do encontro com eleitores que os pré-candidatos à indicação do Partido Democrata para as eleições presidenciais dos Estados Unidos realizaram em Las Vegas, a dois dias do caucus do estado de Nevada.

Após as primárias em Iowa e New Hampshire, neste sábado será a vez de Nevada, um estado que, ao contrário dos dois anteriores, apresenta grande diversidade étnica, onde mais de 25% da população é latina e onde este grupo é o de maior crescimento.

"Como presidente, farei o possível para aprovar uma reforma migratória integral", respondeu o senador social-democrata por Vermont Bernie Sanders a uma mulher hispânica que está separada de seu marido há seis anos, pois ele era um imigrante ilegal, foi deportado para o México e não pode retornar aos EUA.

Sanders se comprometeu a colocar a reforma do sistema migratório como uma "prioridade principal" e lembrou que "a grandeza" dos EUA está no fato de que "ao longo da história, demos as boas-vindas às pessoas do resto do mundo".

"É inaceitável que, em 2016, haja gente como Donald Trump e outros que usam os muçulmanos e os latinos como bodes expiatórios", lamentou o senador, que garantiu que as deportações de imigrantes ilegais deveriam se limitar aos casos de criminosos violentos.

A ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton também foi perguntada em várias ocasiões sobre suas posições migratórias no encontro com eleitores organizado conjuntamente pelas emissoras "MSNBC" e "Telemundo".

"Em 2007 (quando ela era senadora por Nova York), eu votei a favor da reforma migratória, Sanders votou contra", disse Hillary, que não desperdiçou a ocasião para criticar seu rival na disputa democrata.

Sanders explicou, como já tinha feito em ocasiões anteriores, que se opôs à proposta de reforma colocada em 2007 porque, entre outras coisas, "ela deixava aberta a possibilidade para que os trabalhadores imigrantes fossem explorados" e lembrou que várias organizações latinas também se opuseram ao projeto.

O senador por Vermont contou que votou a favor da reforma proposta por um grupo bipartidário de oito senadores em 2013, quando Hillary já não estava no Senado, "porque era muito melhor" e solucionava parte dos problemas do projeto de lei anterior.

Já Hillary se comprometeu, caso seja eleita presidente, a levar adiante uma reforma migratória nos 100 primeiros dias de mandato e reiterou seu apoio às decisões executivas do presidente Barack Obama em matéria migratória, os programas de ação diferida Daca e Dapa, que atualmente se encontram bloqueados pela Justiça.

Além disso, a ex-secretária de Estado louvou as palavras ditas pelo papa Francisco hoje após sua visita ao México em defesa dos imigrantes e de crítica ao pré-candidato republicano Donald Trump.

Quanto às questões raciais, Sanders lamentou que, neste momento, existem nos EUA 35% de crianças negras "vivendo na pobreza" e reivindicou medidas econômicas que garantam a igualdade, independente de raça ou o gênero.

A presença hispânica no encontro de hoje foi notável, cerca de metade dos eleitores que perguntaram aos candidatos eram latinos e dois deles, inclusive, dirigiram uma pergunta a cada um em língua espanhola, que depois foi traduzida ao inglês por um moderador.

Além das questões migratória e racial, Sanders e Hillary também foram perguntados pela batalha aberta que o governo dos EUA mantém com a Apple, depois que a Justiça ordenou que a empresa desbloqueasse o iPhone de um dos terroristas que matou 14 pessoas na Califórnia e a companhia se recusou a fazê-lo.

"Este é um dos dilemas mais difíceis que enfrentamos. Certamente que a polícia tem que ter acesso aos dados do telefone, e peço que o governo e as companhias tecnológicas vislumbrem qual é o caminho a ser seguido", respondeu Hillary.

"Preocupa-me muito o 'Big Brother' neste país, mas também causa muito temor a possibilidade de um atentado terrorista. É preciso chegar a um meio termo", concluiu o senador Sanders.

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