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Ilha de Guam diz estar preparada para ataque norte-coreano

O país asiático revelou seu plano detalhado para disparar quatro mísseis contra a ilha, que tem 162.000 habitantes e 6.000 soldados americanos posicionados

Ataque: Guam também abriga um sofisticado escudo antimísseis, o sistema THAAD (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Ataque: Guam também abriga um sofisticado escudo antimísseis, o sistema THAAD (Chung Sung-Jun/Getty Images)

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AFP

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 11h51.

O governador de Guam assegurou nesta quinta-feira (10) que este território americano no Pacífico está perfeitamente equipado para enfrentar um ataque norte-coreano, graças a uma infraestrutura sólida, resistente a tufões e terremotos.

Pyongyang revelou seu plano detalhado para disparar quatro mísseis contra Guam. Como a Coreia do Norte há tempos multiplica suas ameaças, os 162.000 habitantes locais, cujas vidas estão estreitamente ligadas aos 6.000 soldados americanos posicionados na ilha, aprenderam a conviver com elas.

O governador Eddie Calvo explica que essa ilha remota do Pacífico se acostumou a ser um alvo desde que Washington instalou suas bases militares.

"É preciso entender que, inclusive em um cenário de possibilidade de um em um milhão, estamos preparados para o que Guam é há décadas: um território americano com vantagens militares estratégicas, em uma região muito dinâmica. Estamos preparados para enfrentar qualquer eventualidade, mais do que qualquer outra comunidade americana", garantiu.

Calvo não dá detalhes sobre as defesas americanas na ilha, que conta com uma base aérea e outra naval.

Guam também abriga um sofisticado escudo antimísseis, o sistema THAAD, capaz destruir os mísseis de curto e médio alcance, assim como projéteis de alcance intermediário, em sua fase final de voo.

"Dada a maneira como nossas infraestruturas foram construídas - e que resistiram a um tremor de magnitude 8,3 há uma década e a potentes tufões -, estamos perfeitamente equipados para coordenar o antes e o depois de uma ocorrência", enfatizou o governador.

A vida segue

Em Hagatna, a capital, os habitantes parecem encarar as ameaças norte-coreanas com resignação.

"Se tiver que acontecer, acontecerá", afirma Loiue Joyce, de 20 anos.

"Se temos medo? Sim, mas o que podemos fazer? Vivemos numa pequena ilha. Não há lugar onde se esconder em caso de ataque", completa.

Território estratégico para os Estados Unidos, Guam foi o ponto de decolagem dos bombardeios B-52 encarregados de atacar Hanói durante a Guerra de Vietnã (1955-1975). A base Andersen dessa ilha é sede do 36º esquadrão de bombardeiros estratégicos americanos.

Além da presença militar, a economia da ilha depende em grande parte do turismo, um setor responsável por um terço dos empregos. Suas praias paradisíacas, seus hotéis e suas lojas duty-free atraíram mais de 1,5 milhão de visitantes em 2016. A maioria é japonesa e coreana.

"A vida continua no paraíso", diz o diretor de Marketing do Departamento de Turismo de Guam, Josh Tyquengco.

"Não estou a par de possíveis anulações de viagens. É alta temporada em Guam. O caso norte-coreano não teve qualquer impacto sobre o turismo no momento", avaliou.

O jornal local "Guam Daily Post" recorda, porém, que, apesar de os habitantes estarem acostumados com as ameaças de Pyongyang, desta vez a situação é mais precária, porque "um comandante-em-chefe impulsivo, que não tem tanto sangue frio, agora mora na Casa Branca".

A última vez que o território temeu ser vítima de um ataque, em 2013, a situação se tranquilizou. O governo do então presidente Barack Obama conseguiu evitar uma escalada verbal com o dirigente norte-coreano, Kim Jong-Un, destacou o jornal.

"Desta vez, a ameaça é diferente. É mais preocupante, já que Donald Trump prometeu responder com 'fogo e fúria'. Mas Guam não é apenas a sede de bases aéreas e navais. É a casa de cerca de 162 mil pessoas, cidadãos americanos em sua maioria", reforça o veículo.

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