Imagem de arquivo: A Arábia Saudita enfrenta duras críticas internacionais pelo assassinato de Khashoggi no consulado em Istambul, no dia 2 de outubro (Osman Orsal/Reuters)
AFP
Publicado em 27 de novembro de 2018 às 08h28.
Última atualização em 27 de novembro de 2018 às 08h44.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) solicitou na segunda-feira à justiça argentina uma ação contra o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman, que planeja comparecer à reunião do G20, pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi e por crimes de guerra no Iêmen.
"As autoridades judiciais argentinas começaram a examinar uma denúncia sobre o suposto papel do príncipe herdeiro Mohamed bin Salman em possíveis crimes de guerra cometidos pela coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen e em casos de tortura por oficiais sauditas", afirma a organização em um comunicado.
A HRW também pediu à justiça argentina que investigue a "possível cumplicidade" do príncipe herdeiro no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que aconteceu no consulado saudita na Turquia.
Salman deve comparecer à reunião de cúpula do G20 na sexta-feira e sábado em Buenos Aires. Esta será sua primeira viagem internacional desde o escândalo provocado pela morte do jornalista, que era colunista do jornal americano Washington Post.
Antes de desembarcar em Buenos Aires, o príncipe herdeiro visitará os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Tunísia.
De acordo com a imprensa argentina, o procurador Ramiro Gonzalez deverá decidir se faz um requisito de instrução.
A denúncia contra o príncipe herdeiro e governante de fato do país árabe foi apresentada pelo diretor executivo da HRW, Kenneth Roth, segundo o comunicado.
"A presença do príncipe herdeiro na reunião do G20 em Buenos Aires poderia transformar os tribunais argentinos em uma via de reparação para as vítimas de abusos que não podem buscar justiça no Iêmen ou na Arábia Saudita", considerou Roth.
A HRW explica que levou em consideração que a Constituição argentina reconhece a jurisdição universal para os crimes contra a humanidade, ou seja, que podem ser investigados fora do local em que aconteceram e da nacionalidade das vítimas e dos supostos criminosos.
A Arábia Saudita enfrenta duras críticas internacionais pelo assassinato de Khashoggi no consulado em Istambul, no dia 2 de outubro.
O escândalo provocou indignação mundial e sanções contra os supostos autores por parte de vários países.
O jornalista foi assassinado e supostamente esquartejado em uma operação que, segundo Riad, não autorizada pelo palácio real, mas uma análise da CIA que vazou para a imprensa americana aponta para a responsabilidade do príncipe herdeiro.