(Bobby Yip/Reuters)
Vanessa Barbosa
Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 12h38.
São Paulo - Em um ato histórico, deputados de Hong Kong votaram por acabar com o comércio de marfim em todo o país. A decisão chega um mês após a China colocar em vigor a proibição total da venda de presas de elefante, originadas de contrabando.
Na votação realizada em 31 de janeiro, 49 deputados votara a favor e apenas quatro foram contrários à proposta, que também aumenta as penalidades para crimes praticados contra a vida selvagem.
O Projeto de Lei das Espécies de Animais e Plantas em Extinção, também chamado de Projeto de Proibição do Marfim, prevê a extinção da atividade predatória em etapas até 2021.
Hong Kong, um dos maiores mercados mundiais de marfim, é signatário da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES, na sigla em inglês), que em 1989 proibiu o comércio internacional de marfim. Porém, a Convenção não exigiu o fechamento de mercados domésticos à atividade, isso ficaria a cargo de cada país.
Na ocasião, o governo de Hong Kong resolveu permitir o comércio até que que se esgotasse a reserva de marfim apreendido internamente, que somava 670 toneladas quando o acordo internacional foi ratificado.
Na prática, porém, a medida continuou a alimentar a atividade cruel. De acordo com uma investigação da WildAid e da African Wildlife Foundation, o mercado "legal" de marfim de Hong Kong é regulamente reabastecido com marfim ilegal vindo de elefantes abatidos na África.
Embora tenham celebrado a decisão histórica, grupos ambientalistas enxergam com reservas a janela de três anos para a proibição total. Eles temem que os traficantes aproveitem essa brecha da legislação para contrabandear marfim em larga escala e exortam o país a adotar uma fiscalização ferrenha contra a prática.
Segundo a WildAid, o Japão é agora o maior mercado em operação de marfim. "A Tailândia restringiu severamente o comércio e está considerando a proibição. Embora a taxa de assassinatos de elefantes africanos ainda permaneça alta, à medida que os preços caem e as oportunidades de lavagem são eliminadas, é amplamente esperado que a caça furtiva diminua", avalia a entidade.