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Homens jovens – e irritados – deixam o mundo mais instável

Segundo estudos, desequilíbrios demográficos entre homens e mulheres servem de combustível para conflitos e revoluções

EXAME.com (EXAME.com)

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Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 1 de abril de 2014 às 17h14.

São Paulo – De acordo com um recente estudo do Bank of America/Merrill Lynch, 2015 será um ano de revoluções nos países emergentes.

Mais: um boom de homens jovens nesses países colocará ainda mais combustível nos conflitos.

Para Ajay Kapur, Ritesh Samadhiya e Umesha de Silva, há uma relação direta entre essa população e o início de grandes protestos, revoluções e guerras.

Como o cálculo foi feito

Os autores do estudo compararam problemas recentes com conflitos passados, como a guerra civil portuguesa da Idade Média (1384), a Revolução Inglesa (1642-1651), a conquista espanhola na América Latina, a Revolução Francesa de 1789 e o surgimento do nazismo na Alemanha dos anos 1920.

Depois, repararam que, nos mercados emergentes com instabilidades, há um grande número de homens entre 15 e 29 anos e um forte desequilíbrio entre o número total de homens e o de mulheres.

A explicação: quando não há empregos suficientes para tantos homens jovens, surgem desequilíbrios econômicos e, logo, brechas para turbulências e insatisfações.

Se, especialmente, esses jovens não forem casados e tiverem filhos, as chances de se dedicarem a crimes e violência também aumenta.

Há estudos sociológicos que demonstram que homens jovens sem emprego ou papel na sociedade, que são de classe baixa e não vislumbram chances de formar família, são muito mais propensos a desenvolver comportamentos violentos.

Para os autores dos estudos, quanto mais houver jovens homens irritados que estão dispostos a lutar por oportunidades de trabalho e mulheres para casar, pior a situação dos mercados daquele país tende a ser.

A resposta dos governos diante dessas instabilidades tende a ser mais autoritarismo – o que ajuda a inflar os ânimos e incentivar mais protestos e violência.

China e Índia

O desequilíbrio demográfico é gritante na China e na Índia, os dois países mais populosos do mundo.

A cultura de se preferir filhos homens a mulheres criou uma grande brecha ao longo das décadas. Na China, há 10 milhões mais jovens homens que jovens mulheres. Esse número chegará a 20 milhões em 2015. 

Já na Índia, o abismo é de 17 milhões de jovens. O governo relaciona esse problema aos casos desenfreados de estupros

Em 2020, as estimativas são que, na China, essa diferença seja de 30 milhões. Na Índia, 28 milhões. Paquistão e Taiwan também deverão enfrentar problemas semelhantes.

Para as pesquisadoras Valeria Hudson e Andrea Den Boer, que escreveram o estudo “The Security Implications of Asia’s Surplus Male Population”, essa diferença populacional é um grande motivo de preocupação para o governo chinês e indiano. Ou deveria ser.

Elas lembram que homens jovens e solteiros cometem mais crimes, estatisticamente, que homens casados.

“Abismos demográficos no sul e leste da Ásia, historicamente, ajudaram a agravra situações de instabilidade social, violência e formação de gangues e outros grupos criminosos”, dizem as autoras

Os dois mapas demográficos abaixo demonstram isso: quanto mais intenso o vermelho, maior é a presença dos homens jovens em relação às mulheres. Somente nas zonas azuis há mais mulheres.

Mapa da Índia mostra diferença demográfica entre homens e mulheres (United Nations Population Fund)

Mapa da China mostra diferença demográfica entre homens e mulheres (United Nations Population Fund)

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