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Hamas nega morte de líder e ameaça aeroporto

O Hamas negou a suposta morte de Mohamad al Deif, líder de seu braço armado, que por sua vez ameaçou o aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv

Prédio do Hamas atingido por ataque aéreo israelense (Thomas Coex/AFP)
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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 14h53.

Gaza - O movimento islamita Hamas negou nesta quarta-feira a suposta morte de Mohamad al Deif, líder de seu braço armado, as Brigadas Azedim Qassam, que por sua parte ameaçou o aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv.

Em comunicado de imprensa, o porta-voz do movimento em Gaza, Sami Abu Zuhri, afirmou que Deif não estava na casa onde nesta quarta-feira morreram sua segunda esposa e sua filha de sete meses, depois de um bombardeio pela aviação israelense.

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Na mesma linha, Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Qassam, insistiu que "os planos israelenses fracassaram.

O comandante Mohamad al Deif está vivo e dirigirá o Exército palestino até a libertação de Jerusalém ".

Abu Obeida aproveitou seu discurso para assegurar que o tempo do diálogo acabou e que pela frente já só restam dias de luta para conseguir "os objetivos da resistência", entre eles o fim do bloqueio israelense à Faixa.

"Demos aos líderes políticos tempo suficiente para conseguir um acordo, mas o inimigo desperdiçou uma oportunidade de ouro para conseguir um acordo", afirmou.

"Pedimos à delegação palestina que abandone o Cairo de forma imediata, retorne para casa e se esqueça de retornar ao diálogo já que o inimigo desperdiçou a oportunidade", acrescentou Obeida, que especificou qual será seu próximo objetivo.

O porta-voz pediu às companhias internacionais que cancelem seus voos ao aeroporto internacional Ben Gurion a partir da quinta-feira às 6h local (meia-noite, em Brasília) e "até que o comandante Deif decida".

Moussa Abu Marzuq, um dos principais responsáveis políticos do Hamas, também assegurou esta tarde em sua página da rede social Facebook que "o comandante das brigadas está vivo".

Horas antes, quando foi divulgado que os próximos a Deif tinham morrido, Abu Marzuq utilizou a rede social para afirmar que "o estúpido (primeiro-ministro israelense, Benjamin) Netanyahu acrescentou seu CV um novo crime ao atacar civis e violar os tratados internacionais.

"Tudo que posso dizer é que esse homem desconhece o que é a verdade e suas palavras nunca foram, nem honestas e nem boas", acrescentou.

Desde as primeiras horas da manhã, a imprensa israelense especulou a possibilidade do próprio Deif -que já se livrou de outras cinco tentativas de assassinato israelenses- tivesse sido alcançado nesse ataque, já que entre os escombros da casa havia um terceiro corpo não identificado.

No entanto, já na primeira hora da tarde, o porta-voz do ministério da Saúde, Asraf Al Qedra explicou, no entanto, que junto à esposa do comandante e sua filha também pereceram outra mulher e uma adolescente de 14 anos, sem fazer referência a um homem que muitos consideram um herói.

Deif chegou à chefia da milícia do Hamas em 2002, após o assassinato, pelas mãos de Israel, de seu antecessor no cargo, Saleh Shehade.

Hoje, em um grande enterro de sua esposa e filha, centenas de pessoas prometeram não conceder paz "aos colonialistas israelenses" até que o próprio comandante do Hamas peça o contrário.

Israel não confirmou e nem desmentiu de forma oficial que Deif fora o alvo de seu ataque.

Em entrevista à edição matutina da rádio militar de Israel, o ministro do Interior, Gideon Sa"ar, afirmou que "Deif merece a morte igual ao ex-líder da rede terrorista internacional, Osama Bin Laden".

"É um objetivo legítimo", acrescentou, um argumento ao qual pouco depois se uniu seu colega, a ministra israelense de Justiça e ex-chefe do último e fracassado processo de diálogo com os palestinos, Tzipi Livni.

"Tentar matar uma pessoa que está envolvida em terrorismo não é só legitimo, mas desejável aos meus olhos. Durante todo este tempo, apoiei matar os líderes terroristas", respondeu ao ser perguntada pela imprensa local.

A tentativa de assassinato ocasionou a fúria do Hamas e parece ter acabado com as poucas esperanças que existiam de que o diálogo que até esta terça-feira se desenvolvia no Cairo, sob mediação egípcia, possa ser recuperado a curto prazo.

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