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Hamas anuncia retirada das negociações de cessar-fogo na Faixa de Gaza

O movimento, no entanto, "está disposto a retomar as negociações quando Israel demonstrar seriedade para concluir um acordo de cessar-fogo"

Hamas: grupo abandona negociações de cessar-fogo após bombardeio israelense em Gaza. (JACK GUEZ / AFP/AFP)

Hamas: grupo abandona negociações de cessar-fogo após bombardeio israelense em Gaza. (JACK GUEZ / AFP/AFP)

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Publicado em 14 de julho de 2024 às 12h14.

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O grupo islamista Hamas anunciou neste domingo, 14, que abandonou as negociações para um cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza, um dia após um bombardeio israelense que teve como alvo o comandante militar do grupo.

O movimento, no entanto, "está disposto a retomar as negociações quando Israel demonstrar seriedade para concluir um acordo de cessar-fogo" e sobre a libertação dos reféns em Gaza, em troca de presos palestinos detidos em Israel, afirmou uma fonte do Hamas.

O anúncio aconteceu depois que, segundo o Hamas, bombardeios israelenses mataram 92 palestinos no sábado no campo de deslocados de Al Mawasi, sul do território, perto de Khan Yunis, e 20 pessoas no campo de Al Shati na Cidade de Gaza, norte do território.

Alvos de Israel

Israel informou que tinha como alvos na área de Khan Yunis dois líderes do Hamas, Mohammed Deif e Rafa Salama - chefe do braço armado e comandante em Khan Yunis, respectivamente -, apresentados como "dois cérebros do massacre de 7 de outubro", dia em que o movimento islamista executou um ataque em território israelense que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

"O bombardeio aconteceu em uma área fechada, administrada pelo Hamas, onde, segundo nossas informações (...) não havia civis", afirmou o Exército israelense, que garantiu que "a maioria das vítimas era de terroristas".

Repercussão internacional

Uma fonte de alto escalão do Hamas informou à AFP neste domingo a decisão do movimento de abandonar as negociações indiretas para um cessar-fogo, lideradas pelos países mediadores - Catar, Egito e Estados Unidos, e denunciou os "massacres" israelenses "contra civis desarmados".

O líder do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, informou os mediadores e participantes regionais sobre a decisão, acrescentou a fonte.

Declarações de liderança

Outra fonte do movimento anunciou que o comandante militar do Hamas, Mohammed Deif, está vivo. "Ele está bem e supervisiona as operações da Brigadas al Qasam (braço armado do Hamas) e da resistência", declarou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou no sábado que não havia certeza se Mohammed Deif e Rafa Salama foram "eliminados".

Situação atual

A guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro, quando comandos islamitas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.

O Exército de Israel calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel prometeu aniquilar o Hamas e iniciou uma ofensiva que já matou 38.584 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

Crise humanitária

O movimento islamista denunciou um "massacre terrível" no campo de Al Mawasi, um bombardeio em que morreram essencialmente mulheres e crianças, segundo a Defesa Civil. Catar e Egito também condenaram o ataque.

Para Netanyahu, a operação de sábado envia "uma mensagem de dissuasão" aos inimigos de Israel e contribui para enfraquecer o Hamas.

Impacto nas negociações

Mohammed Deif, um dos comandantes do grupo islamista mais procurados por Israel há vários anos, foi o homem que anunciou em uma mensagem de áudio divulgada pelo Hamas o início do ataque na manhã de 7 de outubro. Deif conseguiu escapar de pelo menos seis tentativas de eliminação.

Ao mesmo tempo, o Exército de Israel prossegue com as operações na zona de Rafah, no sul, e na Cidade de Gaza, no norte do território, onde as tropas "eliminaram vários terroristas".

Pelo menos oito pessoas morreram durante a noite na cidade, após bombardeios contra vários edifícios, segundo serviços de Emergência e Defesa Civil.

Reação internacional

Após meses de apelos internacionais por um cessar-fogo, a decisão do Hamas de sair das negociações representa um duro golpe nos esforços dos mediadores para garantir uma trégua no território cercado, onde a situação humanitária é desastrosa.

As tentativas diplomáticas começaram depois que, na semana passada, o Hamas aceitou negociar a libertação dos reféns sem um cessar-fogo permanente com Israel, que era uma das exigências do movimento.

O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Netanyahuh no sábado de querer bloquear um cessar-fogo com "massacres odiosos", segundo um comunicado do movimento.

"A posição israelense (...) consiste em impor obstáculos que impeçam alcançar um acordo", denunciou Haniyeh, que, ao mesmo tempo, destacou o que chamou de "resposta positiva e responsável" do Hamas aos esforços dos mediadores.

Netanyahu sempre afirmou que pretende continuar com a guerra até obter a destruição do Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e conseguir a libertação de todos os reféns.

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