Haiti se diz "chocado" com comentários de Trump
Trump teria questionado por que os EUA receberiam imigrantes do Haiti e de países africanos, se referindo a alguns como "países de merda"
Reuters
Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 16h10.
Porto Príncipe - O Haiti expressou indignação nesta sexta-feira por relatos de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se referiu à nação caribenha como um "país de merda", e convocou o mais graduado diplomata dos EUA no país a dar explicações.
Trump questionou na quinta-feira por que os Estados Unidos iriam querer receber imigrantes do Haiti e de países africanos, se referindo a alguns como "países de merda", de acordo com duas fontes com conhecimento dos comentários.
Nesta sexta-feira, o presidente republicano negou ter usado estas palavras. Mas o senador democrata Dick Durbin, que participou do encontro na Casa Branca sobre imigração na véspera, confirmou a repórteres que Trump usou linguagem "vulgar", incluindo a palavra "merda".
Políticos africanos rotularam Trump como racista pela suposta declaração, enquanto o escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) classificou os comentários como "racistas" e estimuladores de xenofobia.
O embaixador do Haiti em Washington, Paul Altidor, disse ser angustiante que os supostos comentários tenham sido divulgados nesta sexta-feira, data que marca os oito anos de um devastador terremoto que acredita-se ter matado 220 mil pessoas na ilha, e deveria ser um dia de homenagem às vítimas.
"Eu conversei com o presidente Jovenel Moise sobre a questão e, claro, o presidente condena tal linguagem e está chocado", disse Altidor.
O embaixador haitiano disse que o ministro das Relações Exteriores do Haiti, Antonio Rodrigue, lhe disse que o encarregado de negócios dos EUA no país caribenho foi convocado para dar uma explicação sobre os comentários.
O embaixador disse que o Haiti deve ser lembrado por suas contribuições à história, incluindo o apoio à Revolução Americana ao enviar tropas para a Batalha de Savannah, em 1779, na Geórgia.
"Haitianos não merecem tal tratamento", disse Altidor. "Haitianos não deveriam ser vistos como imigrantes que vão aos Estados Unidos para explorar recursos norte-americanos".
"Nós estamos aqui há muito tempo e contribuímos para o que os Estados Unidos são hoje. Nós até mesmo fizemos o sacrifício definitivo quando derramamos nosso sangue em Savannah".