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Há 30 anos, libertação de Mandela representou "a morte" do apartheid

O líder sul-africano passou 27 anos preso após ter sido condenado em 1964 à prisão perpétua por sabotagem e complô contra o Estado

Nelson Mandela: três anos depois de sair da prisão, ele ganhou o prêmio Nobel da Paz e se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul democrática (Foto/AFP)

Nelson Mandela: três anos depois de sair da prisão, ele ganhou o prêmio Nobel da Paz e se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul democrática (Foto/AFP)

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AFP

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 16h36.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, celebrou nesta terça-feira (11) os 30 anos da libertação de Nelson Mandela, com um discurso no local onde o líder anti-apartheid deu sua primeira declaração, enquanto o atual mandatário segurava o microfone.

Em 11 de fevereiro de 1990, um jovem Cyril Ramaphosa impressionado segurava o microfone de Nelson Mandela, que acabara de ser libertado após 27 anos atrás das grades.

Trinta anos depois e no mesmo local, o agora presidente lembrou este momento que representou a "morte" do apartheid. "No dia em que Mandela foi libertado, sabíamos que o apartheid tinha morrido", disse Cyril Ramaphosa diante de umas mil pessoas, entre as quais estudantes, reunidos em frente à prefeitura de El Cabo (sudoeste), a capital legislativa.

"Havia magia no ar", lembrou do balcão da prefeitura, no mesmo local onde Nelson Mandela, herói da luta contra o apartheid, discursou 30 anos antes, diante de uma praça lotada. Em 11 de fevereiro de 1990, o jovem Ramaphosa, então com 37 anos e barba cerrada, estava ao lado do ex-presidiário mais conhecido do mundo.

Horas antes Mandela tinha recuperado a liberdade. Saiu da prisão de Victor Verster em Paarl (sudoeste), acompanhado da esposa, Winnie Mandela, outra grande personalidade da luta contra o regime racista.

Mandela passou 27 anos preso, especialmente na ilha-prisão de Robben Island, após ter sido condenado em 1964 à prisão perpétua por sabotagem e complô contra o Estado.

Sua libertação aconteceu dias depois da suspensão da proibição de seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC), pelo presidente branco da época, F.W. de Klerk. "Gente de todo o mundo tinha os olhos cheios de lágrimas e eram lágrimas de felicidade" depois de décadas de um regime racista, dominado pela minoria branca, disse Ramaphosa.

"Lembraremos desse dia como um dos mais memoráveis da História mundial", acrescentou.

- "Longe do objetivo"  -

Três anos depois, Nelson Mandela ganhou o prêmio Nobel da Paz com F. W. de Klerk e em 1994 se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul democrática. Morreu em 2013, aos 95 anos.

"Não se entende o que nossos pais tiveram que sofrer por nossa liberdade", disse nesta terça um estudante, Panashe Sizingwe.

"Mas estamos longe do objetivo estabelecido pelo pai da nação", disse outro sul-africano, Lebona Motlatla. "Por liberdade para todos, Mandela entendia que todo mundo tivesse trabalho e comida", acrescentou.

Com o fim do apartheid, a África do Sul, durante muito tempo pária do mundo, se reintegrou ao concerto das nações e retornou com os benefícios da integração à economia mundial.

O desemprego segue afetando a primeira potência industrial do continente africano e penaliza na atualidade 29,1% de sua população economicamente ativa contra 20% em 1994.

O país de debate, ainda, diante das enormes desigualdades entre ricos e pobres, corrupção e elevada taxa de criminalidade.

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