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Guerra na Ucrânia: a ordem é nos apagar, diz Zelensky; Rússia toma cidades

Tropas russas desembarcaram em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana; veja as últimas notícias do conflito

Bombeiros apagam fogo em universidade após bombardeio de Kharkiv, na Ucrânia. (SERGEY BOBOK/AFP/Getty Images)

Bombeiros apagam fogo em universidade após bombardeio de Kharkiv, na Ucrânia. (SERGEY BOBOK/AFP/Getty Images)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 2 de março de 2022 às 06h29.

Última atualização em 3 de março de 2022 às 08h28.

*Esta página foi atualizada até 2 de março. Para informações mais recentes, veja neste link as últimas notícias da guerra na Ucrânia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta quarta-feira, 2, que as tropas russas têm ordem para "apagar todos nós", à medida em que os ataques se intensificam no sétimo dia de invasão.

O número de mortos chega a 2 mil civis, segundo o governo ucraniano.

A Rússia tem feito nesta quarta-feira novos ataques contra Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, e o temor é de que a capital Kiev também sofra alguns de seus piores bombardeios até o momento.

"Eles têm a ordem de apagar nossa história, apagar nosso país, apagar todos nós", afirmou Zelensky em um vídeo.

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Na fala, o presidente da Ucrânia pediu aos países que não permaneçam neutros no conflito.

Imagens de satélites nos últimos dias mostraram um comboio russo de mais de 60 quilômetros de comprimento ao norte de Kiev.

Enquanto isso, um porta-voz do governo Vladimir Putin disse nesta quarta-feira que a Rússia fará uma segunda rodada de negociações com a Ucrânia ainda hoje, após conversas há dois dias não terem chegado a um cessar-fogo.

A Ucrânia ainda não se pronunciou oficialmente, mas a reunião foi confirmada por um auxiliar da presidência ucraniana à rede americana CNN. Veja abaixo as principais atualizações até o momento. 

Ataque a memorial judeu

No discurso nesta quarta-feira, Zelensky pediu aos judeus do mundo para que "não permaneçam em silêncio" após o ataque russo contra a torre de televisão de Kiev na terça-feira, construída no local da ravina de Babin Yar. O terreno foi palco de um massacre de 30 mil judeus pela Alemanha nazista em 1941.

"Estou falando agora aos judeus do mundo inteiro. Não veem o que está acontecendo? É por isto que é muito importante que os judeus do mundo inteiro não permaneçam em silêncio agora", disse Zelensky, afirmando que "o nazismo nasce do silêncio".

"Então saiam e gritem sobre os assassinatos de civis. Gritem sobre os assassinatos de ucranianos."

O ataque à torre de televisão na terça-feira deixou cinco mortos

Civis passam por local da torre de televisão em 2 de março, atacados um dia antes: palco de massacre judeu em 1941 (DIMITAR DILKOFF/AFP)

Zelensky segue pedindo para que países ocidentais reforcem sanções e medidas contra a Rússia capazes de parar os ataques. Nesta quarta-feira, a União Europeia anunciou sanções contra Belarus (antiga Bielorrússia), também ex-república soviética e aliada do governo Putin.

O principal banco russo, o Sberbank, também teve de deixar o mercado europeu devido a sanções (veja os detalhes abaixo).

Na terça-feira, em discurso no Parlamento europeu por videoconferência, Zelensky reforçou o pedido para que a União Europeia autorize imediatamente a entrada da Ucrânia no bloco.

Por ora, a UE estuda uma proposta para conceder residência e vistos de trabalho a refugiados ucranianos, que chegam a quase 700 mil pessoas, e o tema será discutido na quinta-feira por ministros do bloco.

Ataques a Kharkiv e Kherson

Tropas russas desembarcaram nesta quarta-feira em Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana e que tem sofrido nos últimos dois dias alguns dos piores bombardeios até o momento. Forças ucranianas ainda controlam a cidade.

Kharkiv tem 1,4 milhão de habitantes e é próxima da fronteira leste do país, com uma grande população de língua russa.

Ao menos 21 vítimas haviam sido contabilizadas em bombardeios ontem e outras quatro morreram nesta quarta-feira, afirmou o prefeito Ihor Terekhov, que chamou os ataques de "genocídio". Há mais de 120 feridos após os ataques.

"Kharkiv é uma cidade de língua russa. Uma em cada quatro pessoas em Kharkiv tem parentes na Federação Russa. Mas a atitude da cidade em relação à Rússia hoje é completamente diferente do que era antes", disse, segundo reportou a agência Reuters. "Nunca esperamos que isso pudesse acontecer." 

Bombeiros tentam conter incêndio em prédio de universidade em Kharkiv, uma das cidades mais afetadas por bombardeios e segunda maior da Ucrânia (SERGEY BOBOK/AFP)

"Tropas aéreas russas desembarcaram em Kharkiv e atacaram um hospital", informou o exército ucraniano em um comunicado divulgado no Telegram.  "Há um combate em curso entre os invasores e os ucranianos", acrescenta a nota.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky descreveu os novos bombardeios como "crimes de guerra".

"Praticamente não restam áreas em Kharkiv que não foram atingidas por projéteis de artilharia", afirmou um assessor do ministério do Interior, Anton Gerashchenko.

Também nesta quarta-feira, russos afirmam terem tomado o controle de Kherson (ao sul).

A cidade, de 290 mil habitantes na foz do rio Dnieper, no Mar Negro, já estava cercada. Se confirmado o controle russo, seria a maior cidade conquistada até agora.

O prefeito Igor Kolykhaiev nega, e disse em postagem nas redes sociais que russos tomaram apenas partes da cidade. Mas afirmou que é preciso reestabelecer a eletricidade e recolher corpos. "Completar essas tarefas hoje é fazer um milagre", escreveu.

De acordo com atualização das autoridades ucranianas nesta quarta-feira, ao menos 2 mil civis morreram no conflito na Ucrânia ao todo, incluindo mais de uma dezena de crianças, além de milhares de feridos. 

Temor em Kiev 

Além dos ataques a Kharkiv e Kherson, a imprensa ucraniana informou novas explosões durante a noite de hoje também na capital Kiev e em Bila Tserkva, 80 km ao sul.

Além disso, o serviço de emergências informou que houve um bombardeio em áreas residenciais de Yitomir (266.000 habitantes), ao oeste de Kiev, com dois mortos e três feridos.

Para Kiev, além do cerco das tropas russas, um novo perigo se aproxima do norte, em Belarus, aliada de Moscou, que ordenou a mobilização de tropas adicionais na fronteira com a Ucrânia.

Segundo o ministério da Defesa ucraniano, estas tropas poderia "respaldar no futuro os invasores russos".

No sul, além de reivindicar o controle de Kherson, o exército russo afirmou que na terça-feira conseguiu estabelecer contato entre as tropas que avançam na Crimeia (anexada em 2014, ao sul do país) e as milícias dos separatistas pró-Rússia da região de Donbass.

A informação não foi possível de confirmar, segundo a AFP, mas representaria uma conquista estratégica para forças russas.

No meio dos dois territórios resiste a cidade portuária de Mariupol, que ficou sem energia elétrica após bombardeios que, segundo o prefeito, deixaram mais de 100 feridos.

Civis tentam embarcar em trem em Kiev, em 28 de fevereiro: número de refugiados passa de 500 mil (Erin Trieb/Bloomberg/Getty Images)

Biden: oligarcas russos ficarão "sem seus iates"

Na noite de terça-feira, a guerra na Ucrânia foi tema do tradicional discurso "State of the Union" [Estado da União] do presidente americano ao Congresso. Na fala, o presidente Joe Biden chamou Putin de "ditador".

"Um ditador russo, que invade um país estrangeiro, tem custos para todo o mundo", afirmou Biden, em discurso televisionado nos Estados Unidos.

O presidente democrata afirmou que Putin subestimou a resposta do Ocidente e que agora "está mais isolado do que nunca esteve".

Também anunciou que proibirá aviões russos no espaço aéreo americano e a criação de uma unidade especial para investigar os oligarcas russos, que segundo ele "ficarão sem seus iates, apartamentos de luxo e aviões privados".

Apesar de sua crítica ao que chamou de agressão "premeditada e totalmente não provocada", Biden insistiu que não enviará tropas à Ucrânia.

Rússia em Haia

A Ucrânia denunciou a Rússia na Corte Internacional de Justiça, que convocou audiências em 7 e 8 de março para estudar as alegações de Kiev de supostos crimes de guerra.

Mais de 670.000 pessoas fugiram e um milhão de moradores viraram deslocados dentro da Ucrânia, segundo a ONU, que pediu a arrecadação de 1,7 bilhão de dólares de forma urgente por considerar que nos próximos meses 16 milhões de pessoas precisarão de ajuda na Ucrânia e nos países vizinhos.

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Banco russo deixa mercado europeu

O principal banco russo, o Sberbank, anunciou nesta quarta-feira a saída do mercado europeu e afirmou que suas filiais enfrentam "saídas irregulares de fundos e ameaças à segurança de seus funcionários e agências".

União Europeia, Estados Unidos e países aliados adotaram um arsenal sem precedentes de medidas contra Moscou: fechamento do espaço aéreo a suas aeronaves, exclusão do sistema financeiro internacional Swift, congelamento de ativos, restrições comerciais, entre outras.

Entre as últimas empresas que anunciaram o afastamento do mercado russo estão a Apple, as petroleiras ExxonMobil, americana, e a italiana Eni. A gigante da aviação americana Boeing suspendeu os serviços de apoio às companhias aéreas russas.

A crise provocou uma forte desvalorização do rublo e quedas das Bolsas russas, assim como a disparada dos preços do petróleo, com o barril de Brent e de WTI acima dos 110 dólares.

OMS relata ataques a hospitais da Ucrânia

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta quarta-feira (2) que está "muito preocupado", pois o órgão recebeu vários relatos de ataques a hospitais e a profissionais de saúde na Ucrânia, sendo que um foi confirmado. Adhanom destacou que está buscando maneiras de acessar oxigênio de países vizinhos e maneiras de fornecê-lo com segurança para a Ucrânia, além de outros suprimentos médicos, como remédios.

De acordo com ele, antes do conflito, a Ucrânia experimentou um recente aumento de casos de covid-19, sendo que o país tem taxas baixas de cobertura vacinal. "Casos de covid-19 estão diminuindo no mundo inteiro, mas ainda é cedo para comemorar que vencemos a luta contra o vírus", afirmou o diretor-geral da OMS.

O diretor executivo da organização, Michael Ryan, disse que o primeiro envio de suprimentos médicos à Ucrânia chegará nesta quinta-feira, 3, ao país. Segundo Ryan, a OMS está preocupada em manter o sistema de saúde da Ucrânia funcionando bem, mesmo com a escalada do conflito. "Pedimos que a Rússia reconsidere sua posição diante do sofrimento dos ucranianos", solicitou o diretor durante coletiva de imprensa.

(Com AFP Estadão Conteúdo e Reuters)

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