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Guerra na Ucrânia: prédio residencial atacado em Kiev; negociação recomeça

Nova rodada de negociação entre Rússia e Ucrânia começou nesta segunda-feira, enquanto China e EUA também se reúnem

Prédio residencial bombardeado em Kiev: tropas russas seguem em cerco à capital (STATE EMERGENCY SERVICE OF UKRAINE / HANDOUT/Getty Images)

Prédio residencial bombardeado em Kiev: tropas russas seguem em cerco à capital (STATE EMERGENCY SERVICE OF UKRAINE / HANDOUT/Getty Images)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 14 de março de 2022 às 06h50.

Última atualização em 14 de março de 2022 às 13h53.

  • Nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia começou hoje e deve continuar na terça-feira;
  • Conversas vêm um dia depois do bombardeio russo a uma base militar na fronteira com a Polônia, região antes não atacada;
  • O presidente Volodymyr Zelensky disse que o ataque mostra que toda a Otan está em risco;
  • Também hoje, se encontram diplomatas de EUA e China, além do chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente turco, Erdogan;
  • Em Kiev, um prédio residencial foi atacado nesta madrugada.

Ataque a edifício residencial em Kiev

A guerra na Ucrânia chega a 19 dias nesta segunda-feira, 14. Na capital Kiev, um bombardeio contra um prédio residencial deixou ao menos uma pessoa morta e 12 feridas.

As equipes de resgate informaram que o prédio fica no distrito Obolon, zona norte da capital ucraniana, e que o incêndio foi controlado pelos bombeiros depois que foi alvo de um "disparo de artilharia" durante a madrugada.

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Cerco a Kiev continua

Tropas russas seguem tentando cercar a capital ucraniana, onde um comboio de 60 quilômetros de soldados russos está posicionado nos arredores desde os primeiros dias de guerra.

Explosões foram ouvidas em Kiev na madrugada, o que autoridades afirmam terem sido sistemas antimísseis interceptando ataques russos. Novos bombardeios são esperados para os próximos dias.

Nos arredores da cidade, uma planta da fabricante de aviões estatal Antonov foi bombardeada, segundo a prefeitura de Kiev. Ao menos uma pessoa morreu. 

"Fragmentos de mísseis caíram na rodovia no distrito de Kurenivka, o que provocou uma morte e deixou seis feridos", afirmou a prefeitura.

Um importante aeroporto nos arredores de Kiev, controlado pela Antonov, em Gostomel, já havia sido palco de batalha intensa no começo da guerra. O aeroporto era lar do Antonov An-225, o maior avião do mundo e destruído no primeiro dia de confronto em fevereiro. Dias depois, o prefeito de Gostomel também foi morto.

Após ataque perto da Polônia, Zelensky diz que Otan está em risco

A Rússia assumiu a autoria do ataque a uma base militar no oeste da Ucrânia, na região da cidade de Lviv e perto da fronteira com a Polônia, no domingo, 13.

Ao menos 35 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas. O episódio foi visto como sem precedentes por escalar a guerra para o oeste ucraniano, a cerca de 20 quilômetros da fronteira polonesa.

O oeste da Ucrânia vinha sendo menos afetado pela guerra até o fim da semana passada, quando algumas cidades longe das frentes de batalha também foram bombardeadas.

O presidente Zelensky voltou a pedir que a Otan, aliança militar do Atlântico Norte, estabeleça uma zona de exclusão aérea no território do país, e disse que o ataque perto da Polônia é prova de que os países não estão seguros.

“Repito novamente: Se vocês não fecharem nossos céus, é apenas uma questão de tempo até que mísseis russos caiam em seu território, no território da Otan, nas casas dos cidadãos da Otan”, afirmou.

Guarda na fronteira da Ucrânia com a Polônia: ataque a base militar na região no domingo, 13 (Sean Gallup/Getty Images)

A base militar atingida, chamada de Centro Para Manutenção da Paz e Segurança, em Yavoriv, era um ponto de colaboração entre Otan e Ucrânia antes do início do conflito, mas a Otan afirma que não tem mais pessoal em solo na Ucrânia.

A base vinha sendo usada para treinamento de voluntários estrangeiros vindo lutar a convite do governo ucraniano. Ainda não há informações sobre a nacionalidade dos que foram mortos. A Rússia afirma que a base foi alvo por estar sendo usada para a estadia de centenas de "mercenários e um grande número de armas estrangeiras".

Nova rodada de negociações

Enquanto os confrontos seguem em solo, representantes de Rússia e Ucrânia começaram nesta segunda-feira nova rodada de negociações, desta vez por videoconferência.

A última conversa oficial havia sido um encontro entre ministros das Relações Exteriores na Turquia na quinta-feira, 10.

Após algumas horas, as negociações foram paralisadas e devem recomeçar na terça-feira, 15.

"Uma pausa técnica foi realizada nas negociações até amanhã. Para trabalho adicional nos subgrupos de trabalho e esclarecimentos de definições individuais. As negociações continuam", disse o negociador ucraniano Mykhailo Podolyak no Twitter.

O presidente ucraniano Zelensky também disse que aguarda uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin. Os dois ainda não se falaram desde o começo da guerra.

No fim de semana, um negociador russo disse que as conversas entre as duas partes estavam progredindo positivamente.

"Minha expectativa pessoal é que esse progresso leve muito em breve a uma posição comum entre as duas delegações e à assinatura de documentos", disse Leonid Slutski, membro da delegação russa que se reuniu recentemente com negociadores ucranianos em Belarus, citado por agências de notícias russas.

O presidente ucraniano Zelensky havia dito no sábado que Moscou estava adotando uma abordagem "fundamentalmente diferente" para as negociações. Putin também afirmou na sexta-feira que tinha visto um "progresso positivo".

Erdogan e Scholz se encontram

Também se reúnem hoje o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, na cidade turca de Ancara.

A Turquia é membro da Otan, mas também tem boa relação com a Rússia, e seu território marítimo faz fronteira com os russos no Mar Negro.

O governo Erdogan - que é frequentemente criticado por violações democráticas na Turquia - foi contra sanções à Rússia, mas afirma estar pressionando o país por um cessar-fogo no conflito.

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional: conversas com a China em Roma (Shawn Thew/EPA/Bloomberg/Getty Images)

Negociações EUA-China

Na outra ponta, se reúnem em Roma, na Itália, o conselheiro de segurança dos EUA, Jake Sullivan, e o experiente diplomata chinês, Yang Jiechi.

Sullivan disse ter alertado a China de que o país "com certeza" enfrentará "consequências" se ajudar Moscou a evitar sanções econômicas. A China tem se apresentado como alternativa potencial para a Rússia nos setores afetados por sanções ocidentais.

A conversa em Roma acontece também após afirmações da inteligência americana de que a Rússia havia pedido à China armas para a guerra.

Na manhã desta segunda-feira, a China negou o pedido russo, e disse se tratar de "desinformação" americana.

2.500 mortos em Mariupol

Ao menos 2.500 pessoas foram mortas na cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, segundo os números de um conselheiro da presidência ucraniana, Oleksiy Arestovych, nesta segunda-feira.

A cidade viveu momentos de falta de água e energia, e corredores humanitários foram abertos por curtos períodos de tempo, apesar das estimativas de que 200 mil pessoas ainda se encontravam na região. Rússia e Ucrânia também acusam o outro lado de tentar boicotar os corredores.

Também hoje, a agência americana Associated Press confirmou a morte da mulher grávida que foi retirada da maternidade na cidade, bombardeada em 9 de março.

A imagem da mulher com a barriga sangrando, e cujo nome não foi revelado, circulou amplamente no dia do bombardeio. O bebê também não sobreviveu.

*A matéria será atualizada com os novos desdobramentos da guerra na Ucrânia nesta segunda-feira, 14. Última atualização às 13h53. 

(Com informações de AFP e Reuters)

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