Agentes da Guarda Costeira da Líbia assaltam refugiados
ONGs destacaram em nota que o incidente ocorreu durante uma operação de resgate ontem, no mar Mediterrâneo
EFE
Publicado em 24 de maio de 2017 às 16h56.
Roma - Agentes da Guarda Costeira da Líbia subiram a bordo de uma embarcação lotada de imigrantes , praticaram furtos e depois começaram a dar tiros para o alto, o que fez com que mais de 60 refugiados pulassem no mar, denunciaram as organizações Médicos Sem Fronteiras (MSF) e SOS Mediterranée, que presenciaram os fatos.
As duas organizações destacaram em nota que o incidente ocorreu durante uma operação de resgate ontem, no mar Mediterrâneo, quando o navio líbio se aproximou da embarcação usada pelos imigrantes.
Coletes salva-vidas já tinham sido distribuídos para 20 dos refugiados, que foram até o navio Aquarius, comandado pelas duas organizações, quando a Guarda Costeira da Líbia chegou.
"Dois agentes líbios, uniformizados e armados, subiram em uma das balsas. Se apropriram de telefones, dinheiro e outros objetos que as pessoas levavam. Elas se sentiram ameaçadas pelo comportamento deles", disse Annemaria Loof, da MSF.
A ação dos agentes, segundo a ONG, provocou pânico, especialmente depois de ele terem dado vários tiros para o alto. "Muitos dos refugiados, que afortunadamente já tinham recebido um colete salva-vidas antes dos disparos, pularam na água", disse Loof.
"As nossas equipes recuperaram 67 pessoas da água enquanto os agentes da Guarda Costeira atiravam para o alto. É um milagre que nenhum não tenha se afogado ou ficado ferido", completou.
A representante da MSF lamentou ao saber que a Guarda Costeira Líbia tinha recebido formação e apoio da União Europeia. "Isso faz desse episódio algo ainda mais detestável", criticou.
Apesar do incidente, a MSG e o SOS Mediterrané informaram que conseguiram salvar 1.004 pessoas ontem, entre elas um bebê de apenas duas semanas de vida.
A Itália recebe um grande fluxo de imigrantes. Somente hoje, em dez operações distintas, foram resgatadas 1.800 pessoas. Um novo naufrágio, porém, provocou a morte de 34 refugiados.
Neste ano, desembarcaram nos portos italianos 50.267 imigrantes, um crescimento de 38,92% em relação a 2016, de acordo com dados do Ministério do Interior da Itália.