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Grupo israelense elabora mapa de empresas que contratam árabes

O objetivo do grupo clandestino de extrema-direita é pedir à população judaica que boicote as lojas

Mil judeus ultranacionalistas ortodoxos manifestam-se em Jerusalém (Menahem Kahana/AFP)

Mil judeus ultranacionalistas ortodoxos manifestam-se em Jerusalém (Menahem Kahana/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2011 às 08h45.

Jerusalém - Um grupo clandestino de extrema-direita israelense está elaborando um mapa com os estabelecimentos de Jerusalém que contratam cidadãos árabes para pedir à população judaica que os boicote.

A iniciativa, denunciada nesta segunda-feira pelo jornal 'Haaretz', é fruto de um grupo do assentamento de Yitzhar, na Cisjordânia, que, sob o lema de 'Trabalho hebraico', quer lançar um boicote contra as lojas que contratem a população palestina da cidade.

O grupo, desconhecido até o momento, tem entre seus seguidores Meir Ettinger, de 19 anos e neto do político e rabino israelense Meir Kahana, que foi líder do ilegalizado partido Kach até seu assassinato em Nova York, em 1995, por um palestino.

Ettinger foi afastado há dez dias dessa região por ordem judicial após espionar uma peixaria do mercado de Mahane Yehuda, em Jerusalém, mas segundo o ''Haaretz' na quinta-feira passada outros quatro jovens foram detidos pelo mesmo ato.

O projeto, que começou há várias semanas em bairros do norte de Jerusalém situados em território palestino ocupado, tem por objetivo fazer um mapa detalhado de todos os estabelecimentos com mão de obra árabe.


'Eles perguntaram a meu chefe se havia árabes trabalhando em sua loja', disse ao jornal 'Yaakov Azaria' um eletricista de Pisgat Ze'ev.

'Meu chefe disse que não, mas depois eles foram a outros estabelecimentos para confirmar', acrescentou.

Em Jerusalém vivem cerca de 230 mil palestinos que se concentram na parte oriental, reivindicada como futura capital do Estado da Palestina, mas muitos deles trabalham em empresas e estabelecimentos israelenses situados na área ocidental, de maioria judaica.

A maioria dos militantes ultradireitistas envolvidos, segundo a versão do jornal, vive no assentamento de Yitzhar, um dos mais radicais na Cisjordânia, que também é ligado a uma campanha de represálias contra civis palestinos.

A Polícia e os serviços secretos israelenses seguem o grupo há anos, sem ter efetuado nenhuma detenção até o momento.

Moshé Ben Zikri, membro do grupo ultraextremista ligado ao boicote comercial, antecipou ao jornal que 'em breve publicarão um guia com os estabelecimentos que contratam árabes' e depois pendurarão cartazes nas ruas 'para que todos saibam e ajam com precaução'. 

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