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Grupo de contato apoia eleições presidenciais livres na Venezuela

Representantes de países da UE e da América Latina se reuniram nesta quinta-feira em Montevidéu em busca de soluções pacíficas para a crise na Venezuela

Venezuela: os representantes falaram sobre a ajuda humanitária no país (Andres Stapff/Reuters)
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AFP

Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 11h39.

Um grupo de países com posições divergentes sobre a Venezuela pediram nesta quinta-feira (7), em Montevidéu, eleições presidenciais livres, como uma solução pacífica para a crise do país caribenho, e prometeu facilitar a entrega de ajuda humanitária.

Nas últimas horas, a assistência internacional tem sido o eixo da disputa entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, enquanto vários países organizam centros de coleta perto das fronteiras.

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A União Europeia (UE), oito países do bloco e três da América Latina comprometeram-se em Montevidéu a trabalhar para "estabelecer as garantias necessárias para um processo eleitoral crível no menor tempo possível" e "permitir a entrada urgente da assistência segundo princípios internacionais".

Além disso, o grupo deixou claro que a saída para a crise deve ser uma "solução venezuelana", em consonância com a posição levantada desde a abertura da reunião pela coanfitrião e chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que insistia na necessidade de evitar uma intervenção externa.

México e Bolívia se abstiveram de assinar a resolução conjunta, assinada pela União Europeia e 11 dos participantes.

No documento também se resolveu coordenar a assistência humanitária com o Acnur, a agência de refugiados da ONU, e enviar uma missão técnica à Venezuela.

Na reunião, que não contou com representantes do governo venezuelano ou da oposição, Mogherini disse que a União Europeia está pronta para abrir um escritório em Caracas para garantir que a ajuda humanitária chegue aos venezuelanos.

O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, explicou que seu país não pode apoiar a convocação de eleições na Venezuela, porque é a política interna de outra nação. Antes, o México esclareceu que compareceria à reunião sem formalmente fazer parte do grupo.

A Bolívia, por sua vez, pediu sem sucesso na reunião a suspensão das sanções econômicas contra a Venezuela, segundo Ebrard.

"Mecanismo" paralelo

O governo anfitrião, juntamente com o México e os países da Comunidade do Caribe (Caricom) - que não reconheceram Guaidó -, apresentou na quarta-feira uma proposta de diálogo sem pré-condições, que não incluiu a convocação de eleições na Venezuela.

O chamado "Mecanismo de Montevidéu" continuará na próxima semana seu curso paralelo à ação do grupo de contato, com o envio de uma delegação composta pelos ex-chanceleres do Uruguai, Enrique Iglesias, e o mexicano Bernardo Sepúlveda, além da secretária-geral ibero-americana, Rebeca Grynspan e um representante da Caricom.

Segundo Mogherini, a iniciativa será complementar às determinações alcançadas no Uruguai.

Diálogo sim, diálogo não

Na quarta-feira, Maduro concordou com o diálogo e afirmou que seu governo está preparado para participar em um processo de entendimento.

No entanto, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino e reconhecido por cerca de 40 países, recusou qualquer "falso diálogo" que permitisse a Maduro ganhar tempo.

A reunião foi realizada em tempos de tensão devido à chegada da ajuda humanitária à Venezuela, após o bloqueio pelos militares de uma ponte na fronteira com a Colômbia, onde foi estabelecido um centro de coleta de remédios e alimentos.

Guaidó, de 35 anos, pediu aos militares que liberem a entrada da ajuda.

Maduro argumenta que Guaidó quer abrir as portas para uma intervenção militar estrangeira.

O presidente acusou nesta quinta-feira o governo dos Estados Unidos de usar uma "crise humanitária inexistente" como "desculpa" para justificar uma eventual invasão militar no país petroleiro.

Ao ler uma carta que espera que seja assinada por 10 milhões de pessoas contra a "ingerência" de Washington, em um ato na Praça Bolívar de Caracas, Maduro acusou a Casa Branca de armar uma "coalizão internacional" para "cometer a grave loucura de intervir militarmente na Venezuela sob a falsa desculpa de uma crise humanitária inexistente".

Nesta quinta, a ONU - que permanece fora de qualquer grupo na Venezuela - disse que é urgente aumentar a ajuda humanitária no país e que está preparada para enviar ajuda de emergência para a Venezuela se o governo a apoiar.

Posturas divergentes

Na segunda-feira, a maioria dos governos europeus - 21 dos 28 membros da UE - reconheceram Guaidó como presidente interino depois que um ultimato expirou para Maduro convocar eleições.

Entre os participantes europeus do encontro, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Portugal, Espanha e Suécia apoiaram Guaidó, enquanto a Itália se esquivou.

Apesar das posições divergentes, mesmo entre os latino-americanos, o grupo destacou a intenção comum de avançar para uma solução pacífica e democrática.

O enviado dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliot Abrams, criticou o Grupo de Contato e pediu para lidar "apenas" com o "governo legítimo" de Guaidó.

"Em vez de tentar conversar com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por meio de grupos de contatos ou diálogos, pedimos aos países que reconheçam Juan Guaidó e se juntem a nós para responder a sua chamada para a assistência humanitária internacional imediata", disse o diplomata. "O tempo para dialogar com Maduro já passou".

O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, minimizou nesta quinta-feira a proposta do Grupo de Contato a favor de eleições presidenciais "livres" para a Venezuela, afirmando que a proposta "não é muito útil".

A iniciativa, surgida de uma reunião em Montevidéu dos países europeus e latino-americanos que formam esse grupo, "não é muito útil", porque "parte do pressuposto de uma igualdade de condições entre o governo legítimo de Guaidó e a ditadura de Maduro", declarou Araújo em uma coletiva de imprensa em Washington.

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