"Queremos mostrar que, se quisermos nos mobilizar, sabemos como fazer isso", disse o secretário-geral do sindicato FO, Frédéric Souillot. (AFP/Reprodução)
AFP
Publicado em 10 de novembro de 2022 às 12h29.
Trabalhadores do transporte público em Paris e em Londres fazem um dia de paralisações, nesta quinta-feira (10), para reivindicar aumento salarial, entre outras pautas, em um contexto de inflação.
Toda região enfrenta um aumento exponencial nos custos da energia, no momento em que o inverno (verão no Brasil) se aproxima, provocando uma alta global de preços de 10%.
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No caso da França, a greve também tem como objetivo aumentar a pressão sobre o presidente Emmanuel Macron, antes de ele apresentar ao Parlamento um polêmico projeto que visa adiar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.
"Queremos mostrar que, se quisermos nos mobilizar, sabemos como fazer isso", disse o secretário-geral do sindicato FO, Frédéric Souillot.
No final de 2019 e início de 2020, uma greve contra a primeira tentativa de adotar essa reforma interrompeu o transporte público por semanas.
Quase 12 milhões de usuários utilizam diariamente o metrô, ônibus, ou trens operados pela empresa RATP, que foi forçada a fechar, ou limitar, o serviço no horário de pico em quase todas as linhas de metrô da capital. Muitos passageiros atenderam aos pedidos para que evitassem o transporte público.
Nesse contexto, as ruas de Paris registraram um aumento de veículos, motocicletas e ciclistas, em relação aos dias anteriores.
Nas últimas semanas, os sindicatos convocaram greves em vários setores para reivindicar aumentos salariais, em meio ao aumento dos preços de energia e dos alimentos, devido à guerra na Ucrânia.
Os sindicatos da RATP também denunciam a falta de contratações, o que tem causado, nos últimos meses, atrasos no serviço e menor frequência de passagem.
O governo deve nomear o ex-primeiro-ministro Jean Castex como chefe da RATP.
Em 18 de outubro, quatro sindicatos convocaram uma greve geral na França, onde 107.000 pessoas se manifestaram nas ruas. Hoje, apenas a central CGT convocou uma greve em todos os setores.
Os serviços de trens de alta velocidade, operados pela empresa ferroviária SNCF, funcionarão normalmente. São esperadas apenas pequenas interrupções nas linhas regionais.
Também nesta quinta-feira, milhões de pessoas foram afetadas por uma greve no metrô de Londres, cujos funcionários protestam contra um plano de reestruturação e modificação de aposentadorias, em um contexto de alta inflação e de crise pelo aumento do custo de vida.
O metrô mais antigo do mundo ficou quase completamente paralisado. A maioria das linhas suspendeu totalmente o tráfego, enquanto algumas poucas mantiveram um serviço muito reduzido. Apenas a moderna e automatizada Linha Elizabeth, inaugurada em maio, operava praticamente com normalidade, embora algumas de suas estações permanecessem fechadas.
"Esta greve bloqueia toda cidade", disse à AFP o português Rodrigo Alex, cabeleireiro de 21 anos, na estação de Kentish Town, no norte da capital britânica.
Carros e bicicletas se multiplicaram nas ruas da cidade e aqueles que puderam optaram pelo teletrabalho, uma prática generalizada em alguns setores desde a pandemia da covid-19.
O metrô de Londres, que transporta até cinco milhões de passageiros por dia, foi abalado por várias greves nos últimos meses. Convocada pelos sindicatos RMT e Unite, a desta quinta-feira se opõe à eliminação de 600 postos de trabalho e a um plano para modificar o financiamento das suas pensões.
No mesmo dia, cerca de 100.000 funcionários britânicos votaram a favor de uma greve que pode afetar desde agentes fronteiriços até analistas de tráfego, passando pelo pessoal das agências de emprego. Convocados pelo principal sindicato de funcionários PCS, reivindicam um aumento salarial de 10%.
Nos últimos meses, o Reino Unido tem sido palco de inúmeras greves em diferentes setores: do serviço postal aos portos e telecomunicações, passando pelo sistema jurídico.
Na quarta-feira, a categoria profissional dos enfermeiros votou a favor de uma greve nacional sem precedentes para reivindicar aumentos salariais acima da inflação, que já passa de 10%. De acordo com o sindicato Royal College of Nursing (RCN), a paralisação começará antes do fim do ano.
Também ontem, Bélgica e Grécia registraram greves gerais, em defesa de melhores salários, paralisando vários setores da economia. E, na Espanha, a Plataforma em Defesa dos Transportes, um grupo de trabalhadores autônomos e de pequenas empresas de transporte de mercadorias, convocou uma paralisação das atividades para a próxima segunda-feira (14). Em março deste anos, esse setor fez uma greve de 20 dias.
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