Greve deixa uruguaios sem receber cartas há 1 mês
A greve começou no dia 6 de julho provocada pelo silêncio do governo em relação às reivindicações da Associação de Funcionários Postais do Uruguai
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2012 às 21h40.
Montevidéu - Cerca de 50 toneladas de cartas e pacotes enviados do mundo todo jazem esquecidos no aeroporto de Montevidéu por causa de um conflito sindical no serviço postal estatal que há um mês impede milhares de uruguaios de receberem correspondências e, desde esta sexta-feira, também de enviá-las.
A greve, que não afeta por enquanto o serviço interno, começou no dia 6 de julho provocada pelo silêncio do governo em relação às reivindicações da Associação de Funcionários Postais do Uruguai (AFPU), que exige há dez anos a aprovação de uma Lei Postal no Parlamento, entre outras demandas.
De acordo com o presidente da AFPU, José Mato, a nova normativa pretende gerar ''um marco regulador'' para restabelecer a empresa e ''que se saiba quem é quem'' no setor, porque ''os correios privados chegam aqui e não pagam nenhuma taxa'', lamentou.
''Queremos que paguem uma taxa de 10%'' e que esse dinheiro seja destinado ao Correio Uruguaio, e ''queremos que, como acontece na Espanha, haja uma faixa monopólica a nosso favor - até 150 gramas (de peso da carta) o correio nacional é quem distribui'', afirmou.
Embora sempre possam recorrer às companhias multinacionais, boa parte dos cerca de 3,3 milhões de cidadãos do pequeno país sul-americano depende ainda do Correio Uruguaio para comunicar-se por carta com o exterior e, sobretudo, para enviar ou receber pacotes, especialmente por questões de custo.
''O que cjega muito é encomenda, gente que compra pela internet ou que recebe presentes, mas empresas como a DHL cobram às vezes até 300% mais caro'', detalhou Mato sobre um fenômeno que não escapa a nenhum serviço postal estatal do mundo.
Apesar disso, e ao contrário do protagonista do romance ''Ninguém Escreve ao Coronel'', de Gabriel García Márquez, que durante anos vai toda sexta-feira nos correios buscar a confirmação de uma pensão de veterano que nunca chega, alguns cidadãos começaram a buscar alternativas ainda que prejudique o bolso.
''Quero mandar uma encomenda aos Estados Unidos e tive que ir a uma empresa privada porque os correios não estão mandando nem recebendo'', disse nesta sexta à Agência Efe uma mulher que pretende enviar um pacote ao seu filho que mora em Chicago e que prefere manter o anonimato.
Outra medida que a AFPU exige é um aumento de pessoal e ''um adiantamento de 1,5 mil pesos mensais (cerca de R$ 150) por trabalhador por causa da reestruturação do serviço prevista na futura lei, detalha Mato.
O deputado Jorge Gandini, do opositor Partido Nacional, rejeitou a pressão dos trabalhadores ao denunciar que o Correio Uruguaio ''tem hoje um déficit estrutural que se compensa por uma verba (subsídio) aprovada em 2010 de cerca de US$15 milhões anuais e que este ano chegou aos US$ 30 milhões''.
O parlamentar opina que ''se a empresa não é viável deve funcionar com outro plano de negócios'', embora defenda sua vigência pela necessária universalidade do serviço já que ''nenhuma empresa privada coloca um escritório em um povoado onde vivem 100 pessoas''.
Gandini, diretor do Correio Uruguaio entre 1992 e 1995, sugeriu seguir o modelo brasileiro, que ''é eficiente e rentável'' porque apesar do tamanho ''imponente'' de sua rede ''chega até os lugares mais remotos com um tempo médio de 72 horas de entrega''.
Frente às críticas, Mato defende o sindicato e suas exigências, expressadas na quinta-feira em um protesto em frente à sede presidencial uruguaia.
Menos beligerante, o representante do sindicato em Pocitos, Fabián Anzola, uma das áreas mais povoadas de Montevidéu, lamenta os prejuízos do protesto porque entende que ''a carta segue tendo mais valor sentimental que internet, embora seja a partir de um ponto de vista romântico''.
O Correio Uruguaio conta com a maior rede física de escritórios do país com mil locais nos 19 departamentos do país.
O Uruguai, que possui um dos índices de desemprego mais baixos da América Latina, tem também um intenso movimento sindical que nos últimos anos gerou situações insólitas como a suspensão temporária de casamentos civis ou a interrupção dos serviços de alerta meteorológico.
Montevidéu - Cerca de 50 toneladas de cartas e pacotes enviados do mundo todo jazem esquecidos no aeroporto de Montevidéu por causa de um conflito sindical no serviço postal estatal que há um mês impede milhares de uruguaios de receberem correspondências e, desde esta sexta-feira, também de enviá-las.
A greve, que não afeta por enquanto o serviço interno, começou no dia 6 de julho provocada pelo silêncio do governo em relação às reivindicações da Associação de Funcionários Postais do Uruguai (AFPU), que exige há dez anos a aprovação de uma Lei Postal no Parlamento, entre outras demandas.
De acordo com o presidente da AFPU, José Mato, a nova normativa pretende gerar ''um marco regulador'' para restabelecer a empresa e ''que se saiba quem é quem'' no setor, porque ''os correios privados chegam aqui e não pagam nenhuma taxa'', lamentou.
''Queremos que paguem uma taxa de 10%'' e que esse dinheiro seja destinado ao Correio Uruguaio, e ''queremos que, como acontece na Espanha, haja uma faixa monopólica a nosso favor - até 150 gramas (de peso da carta) o correio nacional é quem distribui'', afirmou.
Embora sempre possam recorrer às companhias multinacionais, boa parte dos cerca de 3,3 milhões de cidadãos do pequeno país sul-americano depende ainda do Correio Uruguaio para comunicar-se por carta com o exterior e, sobretudo, para enviar ou receber pacotes, especialmente por questões de custo.
''O que cjega muito é encomenda, gente que compra pela internet ou que recebe presentes, mas empresas como a DHL cobram às vezes até 300% mais caro'', detalhou Mato sobre um fenômeno que não escapa a nenhum serviço postal estatal do mundo.
Apesar disso, e ao contrário do protagonista do romance ''Ninguém Escreve ao Coronel'', de Gabriel García Márquez, que durante anos vai toda sexta-feira nos correios buscar a confirmação de uma pensão de veterano que nunca chega, alguns cidadãos começaram a buscar alternativas ainda que prejudique o bolso.
''Quero mandar uma encomenda aos Estados Unidos e tive que ir a uma empresa privada porque os correios não estão mandando nem recebendo'', disse nesta sexta à Agência Efe uma mulher que pretende enviar um pacote ao seu filho que mora em Chicago e que prefere manter o anonimato.
Outra medida que a AFPU exige é um aumento de pessoal e ''um adiantamento de 1,5 mil pesos mensais (cerca de R$ 150) por trabalhador por causa da reestruturação do serviço prevista na futura lei, detalha Mato.
O deputado Jorge Gandini, do opositor Partido Nacional, rejeitou a pressão dos trabalhadores ao denunciar que o Correio Uruguaio ''tem hoje um déficit estrutural que se compensa por uma verba (subsídio) aprovada em 2010 de cerca de US$15 milhões anuais e que este ano chegou aos US$ 30 milhões''.
O parlamentar opina que ''se a empresa não é viável deve funcionar com outro plano de negócios'', embora defenda sua vigência pela necessária universalidade do serviço já que ''nenhuma empresa privada coloca um escritório em um povoado onde vivem 100 pessoas''.
Gandini, diretor do Correio Uruguaio entre 1992 e 1995, sugeriu seguir o modelo brasileiro, que ''é eficiente e rentável'' porque apesar do tamanho ''imponente'' de sua rede ''chega até os lugares mais remotos com um tempo médio de 72 horas de entrega''.
Frente às críticas, Mato defende o sindicato e suas exigências, expressadas na quinta-feira em um protesto em frente à sede presidencial uruguaia.
Menos beligerante, o representante do sindicato em Pocitos, Fabián Anzola, uma das áreas mais povoadas de Montevidéu, lamenta os prejuízos do protesto porque entende que ''a carta segue tendo mais valor sentimental que internet, embora seja a partir de um ponto de vista romântico''.
O Correio Uruguaio conta com a maior rede física de escritórios do país com mil locais nos 19 departamentos do país.
O Uruguai, que possui um dos índices de desemprego mais baixos da América Latina, tem também um intenso movimento sindical que nos últimos anos gerou situações insólitas como a suspensão temporária de casamentos civis ou a interrupção dos serviços de alerta meteorológico.