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Greenwald afirma que, apesar de limitações, Snowden está bem

Ao participar de mesa de debate da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Greenwald contou ter se encontrado com Snowden, em Moscou, no início de julho

Glenn Greenwald: segundo o jornalista, Edward Snowden está bem (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2014 às 19h39.

Para o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, o fato de o governo russo ter renovado o visto de permanência do ex-analista de informações da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, Edward Snowden , não foi nenhuma surpresa.

A renovação do benefício por mais três anos foi anunciada hoje (7) pelo advogado de Snowden, mas já no último sábado (2) Greenwald afirmava que o governo russo dava claros sinais de que renovaria o visto concedido em 1º de agosto de 2013, e que, portanto, “a chance de o governo norte-americano agarrá-lo é praticamente zero”.

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“Já esperava por isso”, declarou Greenwald hoje (7), após ter se reunido com a candidata à Presidência da República, Luciana Genro (PSOL), no Rio de Janeiro.

No sábado, ao participar de uma das mesas de debate da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Greenwald contou ter se encontrado com Snowden, em Moscou, no início de julho.

Segundo o jornalista, o analista perseguido pelo governo norte-americano está bem, passeia livremente pelas ruas da capital russa, participa de debates, inclusive pela internet, e muitas pessoas em todo o mundo o veem como herói e uma voz a ser ouvida.

Hoje, Greenwald ponderou à Agência Brasil que a permanência de Snowden na Rússia está condicionada a certas limitações, e a autorização pode ser revogada a qualquer momento.

Apesar de participar de debates públicos, "ele não pode dar mais informações, nem ajudar outros governos a investigar a espionagem da NSA. Por isso, a meu ver, ele precisa receber asilo político. E, para mim, os dois governos que mais têm obrigação de ajudá-lo são os do Brasil e da Alemanha”.

Foi Greenwald quem escreveu, em 2013, as primeiras notícias publicadas pelo jornal britânico The Guardian a respeito da existência de programas secretos de espionagem em massa, que permitiam à NSA monitorar mensagens eletrônicas e conversas telefônicas de cidadãos e autoridades de vários países.

Entre as pessoas que tiveram conversas interceptadas estavam a presidenta Dilma Rousseff e diretores da Petrobras.

A fonte do jornalista era Snowden, que decidiu revelar os segredos da agência de segurança, por considerar os grampos um atentado contra os direitos de cidadãos norte-americanos e de outros países.

Após a divulgação, o governo dos Estados Unidos acusou Snowden de roubo de propriedade legal, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e comunicação intencional de dados confidenciais do serviço de inteligência norte-americano.

O analista buscou refúgio em Moscou, porque Rússia e Estados Unidos não têm tratado de extradição.

O fato de o ex-colaborador da NSA estar livre, e não em uma cadeia dos Estados Unidos, é fundamental para inspirar "novos Snowdens", disse o jornalista na Flip, afirmando que o maior temor do governo norte-americano é o surgimento de novos Edward Snowden e Bradley Manning - ex-recruta do Exército que, em 2010, entregou ao site WikeLeaks arquivos secretos que revelavam segredos sobre as operações e interesses dos Estados Unidos em outros países, como o Iraque.

Preso desde maio de 2010, quando se declarou culpado de uso indevido de material confidencial, Manning foi condenado a 35 anos de prisão.

Para Greenwald, os países beneficiados pelas revelações dos segredos norte-americanos deveriam exigir proteção a Snowden.

“Todos os países que se beneficiaram do sacrifício e da coragem do Snowden têm a obrigação legal e moral de fazer por ele o que ele fez por todos nós. O governo brasileiro está entre os que se beneficiaram imensamente das revelações, e hoje pode, por exemplo, pensar em como desenvolver tecnologia para se defender disso [interceptações]”.

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