Greenpeace alerta para contaminação na indústria têxtil mundial
Análise de água e sedimentos na China mostrou presença de substâncias prejudiciais à saúde
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2010 às 12h38.
Pequim - As cidades de Xintang e Gurao, que concentram boa parte das fábricas de jeans e roupa íntima chinesas, sofrem com graves vazamentos tóxicos destas indústrias, incluindo altas concentrações de metais pesados, revelou um relatório publicado nesta terça-feira pela ONG ambientalista Greenpeace.
Ambas as cidades ficam na província de Cantão e, enquanto Xintang fabrica 60% das calças jeans do país (exportando 40% aos Estados Unidos e Europa), Gurao produz 200 milhões de peças de roupa íntima ao ano.
"Xintang e Gurao são símbolos do êxito do modelo exportador da economia nacional, mas a degradação ambiental que vimos ao visitá-las nos horrorizou", relata a chefe de campanha contra vazamentos tóxicos do Greenpeace na China, Mariah Zhao.
A análise da água e dos sedimentos das duas cidades mostrou altos níveis de metais que podem ser prejudiciais à saúde, como cobre, cádmio e chumbo, em algumas ocasiões em níveis até 128 vezes maiores dos limites considerados saudáveis.
De acordo com o Greenpeace, entre os processos industriais que mais riscos oferecem estão a lavagem e o tingimento de calças, já que necessitam de grande quantidade de água e produtos químicos.
Além disso, os resíduos destes processos são despejados sem controle em rios da região, até o ponto que, segundo os moradores da área, algumas correntes fluviais "mudam de cor a cada dia" pelas tinturas e outros produtos químicos.
Mariah ressaltou que o problema se estende aos mais de 130 centros de produção têxtil da China, que concentra boa parte das exportações mundiais no setor, e pediu às autoridades locais maior responsabilidade com o meio ambiente e a saúde dos cidadãos.
"Também esperamos que os consumidores se unam a nós para pressionar por uma mudança no Governo e nas indústrias. Seria trágico se a moda e a economia custassem à China seus recursos hídricos", destacou a ativista.