Shamima Begun, Amira Abase e Kadiza Sultana (da esquerda para a direita), que deixaram o Reino Unido para se juntar ao EI (Metropolitan Police/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 11h38.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 11h38.
São Paulo – Shamima Begum tinha apenas 15 anos de idade quando deixou sua casa em Londres, no Reino Unido, e partiu para a Síria ao lado de duas colegas da escola para se juntar ao Estado Islâmico. Agora com 19, a jovem foi encontrada grávida em um campo de refugiados na Síria e o pai da criança seria um combatente do grupo terrorista. “Quero voltar para casa”, disse ela em entrevista ao jornal britânico The Times, “o califado acabou”.
Segundo seu relato, estava vivendo em um dos últimos bastiões do EI na Síria, a cidade de Baghuz, casada com um militante do EI de nacionalidade holandesa. Há poucas semanas, ele se rendeu ao grupo Força Democrática da Síria, uma das milícias envolvidas na guerra civil contra o governo de Bashar Al Assad.
Ela decidiu ir embora do país depois da morte de seus dois outros filhos, uma menina de um ano e um menino de três meses, vítimas de doenças e desnutrição. “Só quero ir para casa e ter o bebê”, disse Shamima, “eu faço o que tiver de fazer para ir embora e viver em paz com meu filho”, continuou.
Apesar da vontade de retornar, Shamima não deve contar com a ajuda das autoridades britânicas. O ministro da Segurança, Ben Wallace, afirmou que não irá colocar vidas britânicas em risco para resgatá-la. “Ações tem consequências”, disse ele em entrevista sobre o caso para a rede de notícias BBC, “como cidadã britânica, ela pode retornar, mas qualquer um que se juntou ao EI será investigado, entrevistado e talvez processado ao chegar no país”, disse ele.
Shamima foi embora do Reino Unido em 2015 com as amigas de escola Kadiza Sultana e Amira Abase. Dias depois do desaparecimento do trio, as meninas foram flagradas por câmeras de segurança na Turquia, prestes a embarcar em um ônibus para a Síria. Tal qual outros jovens ocidentais, elas foram recrutadas pela internet por militantes do para servirem de esposas para os combatentes do grupo.
Na época, a história das meninas ganhou os holofotes mundo afora e se tornou um exemplo do fenômeno dos jovens ocidentais que se juntaram ao grupo e dos perigos da estratégia online de recrutamento do EI. Kadiza morreu em Raqqa durante um bombardeio em 2016 e Amira, revelou Shamima, está viva e ainda é casada com um militante.