Mundo

Governo de Camboja fecha 19 rádios independentes

Essa foi a última de uma série de medidas contra a liberdade de imprensa no país a menos de um ano das eleições gerais

Uma ONG denunciou as "motivações políticas" da decisão do governo (Omar Havana/Getty Images)

Uma ONG denunciou as "motivações políticas" da decisão do governo (Omar Havana/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 12h56.

Bangcoc - As autoridades do Camboja fecharam 19 rádios independentes, na última de uma série de medidas contra a liberdade de imprensa no país a menos de um ano das eleições gerais, informou nesta terça-feira o jornal "Cambodia Daily".

A decisão afetou todas as emissoras de fora de Phnom Penh que tinham na programação informações elaboradas pelas rádios "Free Asia" (RFA) e "Voice of America" (VOA), ambas financiadas pelos Estados Unidos, segundo o jornal.

O Ministério de Informação justificou a medida com a suposta violação do contrato com o governo, acrescentou o "Cambodia Daily".

Os fechamentos aconteceram após várias outras rádios pararem de emitir boletins de notícias preparadas pela "Voice of Democracy", rádio do Centro de Imprensa Independente do Camboja, vinculado a uma organização local pró-direitos humanos.

Em um comunicado, o órgão denunciou as "motivações políticas" da decisão do governo, que qualificou como uma tentativa de silenciar a imprensa independente antes das próximas eleições.

Nas últimas duas semanas, o governo cambojano também ameaçou fechar e confiscar os bens do "Cambodia Daily" por uma suposta dívida de US$ 6 milhões com a Fazenda.

Uma acusação parecida foi apresentada também contra a "RFA" e a "VOA", e a ONG americana National Democratic Institute, dedicada a promover a democracia, contra qual foi ordenado o encerramento das atividades e a expulsão de seus funcionários estrangeiros.

O governo intensificou a pressão contra a oposição a menos de um ano das eleições gerais, previstas para 29 de julho de 2018, e dois meses após perder cargos nas eleições locais.

O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, que ocupa o cargo desde 1985, foi reeleito em 2013 após uma vitória apertada em eleições nas quais a oposição denunciou fraude.

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU denunciou esta campanha contra os meios de comunicação e exigiu ao governo que garanta plenos direitos civis e políticos, e liberdade de imprensa para as próximas eleições.

O Camboja, com a ajuda da ONU, organizou as primeiras eleições democráticas em 1993, após mais de duas décadas de guerra civil, incluindo o regime do Khmer Vermelho (1975-79), durante o qual morreram 1,7 milhão de pessoas.

Acompanhe tudo sobre:CambojaEleiçõesLiberdade de imprensa

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia