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Governo catalão deve propor "caminho próprio" em eleições

O dirigente catalão considera que a região fornece muito mais aos cofres do Estado do que recebe


	Manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona: várias comunidades autônomas, entre elas a Catalunha, estão insatisfeitas 
 (©AFP / Josep Lago)

Manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona: várias comunidades autônomas, entre elas a Catalunha, estão insatisfeitas  (©AFP / Josep Lago)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2012 às 16h02.

Barcelona - O governo da Catalunha considera a possibilidade de um "caminho próprio" para a comunidade autônoma nas próximas eleições regionais.

Francesc Homs - porta-voz do Executivo do nacionalista Artur Mas - antecipou nesta sexta-feira que serão propostas duas alternativas nas próximas eleições: continuar com a situação atual ou iniciar um "caminho próprio" para a Catalunha.

O Parlamento autônomo realizará um debate na próxima semana, pois Artur anunciou que poderia convocar eleições regionais antecipadas depois da negativa do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, em conceder um tratamento econômico especial à Catalunha. O dirigente catalão considera que a região fornece muito mais aos cofres do Estado do que recebe.

O porta-voz do Executivo catalão disse hoje em declaração à Agência Efe que a rejeição à proposta revela que se chegou "ao final de uma etapa", na qual a Catalunha propôs "muitas soluções", mas "infelizmente nestes últimos anos tudo nos foi negado".

Apesar das especulações sobre uma iminente antecipação eleitoral, Homs garantiu desconhecer se essa é a intenção do presidente da comunidade autônoma.

Mas afirmou que nas próximas eleições, independentemente do momento em que sejam realizadas, teremos "duas alternativas" nos programas eleitorais dos grupos políticos que vão disputar o pleito.

Uma seria "ficar como estamos, com os "nãos" sistemáticos dos espanhóis e ter como consequência o empobrecimento da Catalunha", disse.

A outra seria "tentar um caminho novo, fazer nosso próprio caminho, que é incerto", mas que corresponde à vontade do povo catalão de "não se conformar com a situação e de dispor de maneira mais eficiente dos nossos recursos", assinalou.


O porta-voz disse que "é difícil imaginar que existam forças políticas na Catalunha que acreditem que devemos ficar como estamos" já que, se o país não se mexer, continuará com "20% de desemprego", sem poder "dispor dos recursos" gerados pela comunidade autônoma e com um "déficit infraestrutural".

Por isso, se declarou partidário de um "caminho próprio", que daria à Catalunha "instrumentos de Estado".

Segundo Homs, essa possibilidade hoje em dia "é possível" graças ao atual "contexto europeu e democrático", diferente de "outros tempos".

O porta-voz qualificou de "exótico e surpreendente" que se especule a anulação das próximas eleições catalãs, se elas não se ajustarem à Constituição espanhola.

"Anticonstitucional é insinuar que não se poderia concorrer nas eleições em função do programa apresentado", ressaltou.

A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, pediu hoje que Artur Mas analise "a estabilidade política" de uma eventual convocação de eleições antecipadas.

Na entrevista coletiva após a reunião semanal do conselho de ministros, sustentou que "a instabilidade política é o pior fator" para a recuperação da confiança, após ser perguntada sobre a reunião entre Rajoy e Artur.

Soraya destacou que não sabe se existe a ideia de eleições antecipadas na mente de quem pode convocá-las.

Neste contexto, se dirigiu ao chefe do Executivo regional para pedir que analise a possibilidade "do ponto de vista da estabilidade política necessária para a Espanha, num momento em que os espanhóis estão unidos para sair da crise e querem ver o mesmo espírito em seus governantes".

A vice-presidente confirmou que o governo está disposto a avaliar e reformar o modelo de financiamento das autonomias nesta legislação.

Várias comunidades autônomas, entre elas a Catalunha, estão insatisfeitas com o atual modelo de financiamento e reivindicam uma reforma para redistribuir as cargas.

As autonomias espanholas têm muitas competências, dentre elas a gestão de setores como saúde, educação e serviços sociais, que precisam de muitos recursos. 

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