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Crise no Reino Unido: rainha Elizabeth II aprova a suspensão do Parlamento

Suspensão das atividades do Parlamento foi solicitada pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, numa estratégia de impedir esforços contra o Brexit sem acordo

Protestos em Londres contra a suspensão das atividades do Parlamento britânico (Henry Nicholls/Reuters)

Protestos em Londres contra a suspensão das atividades do Parlamento britânico (Henry Nicholls/Reuters)

Naiara Albuquerque

Naiara Albuquerque

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 06h59.

Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 15h37.

São Paulo - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, surpreendeu ao solicitar, nesta quarta-feira, (28), a suspensão do Parlamento britânico para a rainha Elizabeth II. Agora pouco, a monarca concedeu a prorrogação das atividades parlamentares.

Veja o documento na íntegra:

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Isso significa que os parlamentares opositores terão pouco tempo para tentar barrar a saída do Reino Unido da União Europeia sem um acordo de transição. O Brexit está previsto para 31 de outubro de 2019.

Com isso, a Câmara dos Comuns irá interromper as suas atividades na primeira semana de setembro e só retornará no dia 14 de outubro. A suspensão de cerca de cinco semanas é a mais longa desde 1945, informa o The Guardian.

Em carta enviada aos deputados para explicar seus planos, o líder conservador também falou na publicação de um "discurso da rainha" no dia 14 de outubro.

O documento traz o programa para a próxima legislatura e é geralmente debatido durante dias. Isso torna provável que a discussão em torno do Brexit seja empurrada para 21 de outubro, poucos dias antes do prazo final estabelecido pela União Europeia.

De acordo com Johnson, os planos de adiamentosão parte dos esforços de "desenvolver uma ambiciosa agenda legislativa" sobre a qual os parlamentares poderão votar em outubro e que terá como principal tema um possível acordo para o Brexit com a União Europeia. Não detalhou, contudo, que "possível acordo" seria esse.

Repercussão

Suspender o Parlamento próximo ao discurso é uma tradição britânica, mas limitar a votação parlamentar semanas antes da decisão política mais controversa em décadas despertou reações imediatas.

O movimento de Johnson está sendo amplamente criticado pela oposição, por colegas de partido e até mesmo por Nigel Farage, um dos mentores do Brexit e líder do recém-criado Partido do Brexit, que busca a saída britânica da União Europeia, custe o que custar.

“O anúncio torna uma moção de confiança certa e uma eleição geral ainda mais provável”, disse Farage no Twitter.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista e da oposição na Câmara dos Comuns, criticou o plano de Johnson dizendo que era "um ultraje e uma ameaça à democracia".

Para Anna Soubry, líder do Grupo Independente pela Mudança, Johnson está "deliberadamente fechando o Parlamento para impedir que os representantes eleitos do povo façam seu trabalho". 

O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, também criticou Johnson: “É óbvio que, agora, o objetivo da prorrogação seria o de impedir que o parlamento debata o Brexit e cumpra o seu dever.”

Philip Hammond, conservador, criticou a suspensão chamando-a de "profundamente antidemocrática".

Caos no Brexit

Mais de três anos após um referendo decidir por 52% que o Reino Unido deixasse o bloco, os termos para isso — ou quando — ainda são pouco claros.

Faltando apenas 65 dias até a suposta data limite, os parlamentares estão lutando para impedir que o primeiro-ministro tire o país da UE sem um acordo de transição, direcionando um dos países mais estáveis da Europa a uma crise constitucional.

Na terça-feira, líderes dos partidos da oposição somaram forças para tentar utilizar um procedimento parlamentar para forçar Johnson a adiar o Brexit para além de 31 de outubro.

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