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Governo afegão e talibãs se reúnem em Doha, apesar da violência

Tropas estrangeiras se retirarão totalmente do Afeganistão, em meio a conflitos, nas próximas semanas

Conflito: negociações perdem força conforme os insurgentes avançam no campo de batalha (AFP/AFP)

Conflito: negociações perdem força conforme os insurgentes avançam no campo de batalha (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 17 de julho de 2021 às 14h23.

Última atualização em 17 de julho de 2021 às 15h10.

Representantes do governo afegão e os talibãs se reuniram neste sábado (17) no Catar, coincidindo com um aumento da violência no país, do qual as tropas estrangeiras se retirarão totalmente nas próximas semanas.

As duas partes se reuniram várias vezes em Doha, a capital do Catar, mas as negociações perdem força conforme os insurgentes avançam no campo de batalha, segundo fontes próximas às negociações.

Vários responsáveis, entre eles Abdullah Abdullah, líder do conselho governamental que supervisiona o processo de paz e ex-chefe de governo, participam dessas negociações no Catar. O ex-presidente afegão, Hamid Karzai, cancelou sua viagem para Doha.

O emissário dos Estados Unidos para o Afeganistão, Zalmay Jalilzad, esteve presente no início do encontro entre as duas partes, segundo um correspondente da AFP. Após uma breve coletiva de imprensa, as discussões começaram a portas fechadas.

"A delegação de alto nível está aqui para conversar com ambas as partes, orientá-las e apoiar a equipe negociadora (do governo) para acelerar as negociações", disse a porta-voz da delegação oficial, Najia Anwari.

"Esperamos que (...) em pouco tempo as duas partes alcancem um acordo e, assim, vamos presenciar uma paz duradoura e digna no Afeganistão", acrescentou Anwari.

Os talibãs pediram ao governo afegão que mostre uma "vontade verdadeira e sincera" de acabar com a crise.

"Estamos dispostos ao diálogo e às negociações. Nossa prioridade é resolver os problemas por meio do diálogo", afirmou o porta-voz dos insurgentes, Mohammed Naim, à emissora de televisão Al Jazeera.

"Continuamos buscando nossos grandes objetivos. Não devemos nos atentar aos detalhes", declarou o chefe adjunto para os assuntos políticos dos talibãs, o mulá Abdul Ghani Baradar, em seu discurso de abertura.

Milhares de afegãos estavam bloqueados no posto fronteiriço de Chaman. A bandeira branca que os talibãs alçaram na quarta-feira no lado afegão ainda está visível neste sábado, segundo observou um fotógrafo da AFP.

Neste sábado, o Paquistão reabriu parcialmente sua fronteira com o sul do Afeganistão, fechada há uma semana, depois que os talibãs tomaram o controle da cidade afegã de Spin Boldak, do outro lado da fronteira entre ambos os países, após fortes combates com as forças do governo.

Mohammed Tayab, um responsável paramilitar paquistanês, declarou que a decisão foi tomada por "razões humanitárias" e devido à "relativa calma do outro lado".

No total, cerca de 4.000 afegãos foram ao lado paquistanês para celebrar a festa muçulmana do sacrifício, Eid el Adha, com suas famílias. A fronteira voltará a fechar neste sábado à noite.

Noor Ali, que esteve de visita em Cabul, tentou atravessar duas vezes a fronteira nesses últimos dias. "Tive medo, mas os talibãs não me causaram problemas. Verificaram meus documentos e me deixaram passar", explicou à AFP este cidadão paquistanês.

Os talibãs também reforçaram sua presença no norte do país, onde os confrontos na fronteira com o Turcomenistão continuavam neste sábado pela manhã.

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