A relação de Brown com o "Sun" foi especialmente difícil porque, segundo o político, o tablóide se empenhou em uma campanha pessoal para desprestigiá-lo (Divulgação/FMI)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2012 às 12h14.
Londres - Gordon Brown revelou nesta segunda-feira que enquanto foi primeiro-ministro do Reino Unido teve uma relação tensa com o jornal "The Sun", de Rupert Murdoch, que acusou de difamá-lo e de publicar sem seu consentimento informação confidencial sobre a saúde de seu filho.
Brown, que governou de 2007 a 2010 como sucessor de Tony Blair, depôs à comissão Leveson, que investiga a relação entre políticos e a imprensa no caso das escutas, em que jornalistas grampeavam telefones para obter informações exclusivas.
O político trabalhista afirmou que nunca teve o apoio de Murdoch, cuja publicação "The Sun", a de maior tiragem do Reino Unido, anunciou em 2009 que voltava a apoiar o Partido Conservador de David Cameron, após ter sido temporariamente partidário de Blair.
A relação de Brown com o "Sun" foi especialmente difícil porque, segundo o político, o tablóide se empenhou em uma campanha pessoal para desprestigiá-lo, sobretudo em relação à guerra do Afeganistão.
Em um episódio, o "Sun" publicou que Brown estava dormindo em um funeral de soldados britânicos - quando na realidade, segundo o político, "estava rezando" - e insinuou que o destino dos militares não lhe importava.
Em seu depoimento, Brown alegou ainda que nunca deu seu consentimento para que o jornal sensacionalista publicasse em 2006 - quando era ministro da Economia - que seu filho James Fraser tinha sido diagnosticado com fibrose cística, ao contrário do que declarou à mesma comissão Rebekah Brooks, ex-diretora do tablóide e antiga braço direito de Murdoch.
O ex-chefe do governo explicou que o hospital escocês onde seu filho foi tratado, com poucos meses de idade, pediu desculpas pelo provável vazamento da informação, e criticou os métodos jornalísticos empregados pelo "Sun" para obtê-la.
Em sua declaração, o político afirmou que a imprensa britânica, "quando é boa, pode ser a melhor do mundo", mas que para melhorá-la é preciso incentivar o bom jornalismo, que não mistura "fatos e opinião", e acabar com as más práticas.
Depois do trabalhista, o ministro da Economia, George Osborne, depõe hoje e o primeiro-ministro, David Cameron, se apresenta na quinta-feira à comissão presidida pelo juiz Leveson.