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Gorbachev pede a Putin e Trump para acabar com militarismo

"A impressão que dá é que o mundo está se preparando para uma guerra", afirma Gorbachev em artigo publicado em jornal

Mikhail Gorbachev: segundo ele, exatamente quando falta verba para os tão necessários programas sociais, os Estados investem grandes quantias de dinheiro na fabricação de armamentos sofisticados (Sandra Steins/Getty Images)
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EFE

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 15h55.

Moscou, 30 jan (EFE).- O último dirigente soviético, Mikhail Gorbachev, pediu nesta segunda-feira aos líderes da Rússia, Vladimir Putin , e dos Estados Unidos, Donald Trump , para frear a atual corrida armamentista e a ameaça nuclear.

"A impressão que dá é que o mundo está se preparando para uma guerra", afirma Gorbachev em artigo publicado pelo jornal oficial "Rossiyskaya Gazeta".

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No texto, ele denuncia o aumento da despesa pública em defesa, a radicalização das doutrinas militares, o desdobramento de tropas e o armamento da Otan e da Rússia na Europa.

"Parece que o mundo está com uma doença, uma epidemia de descumprimento de obrigações e promessas, lemas demagógicos e acusações mútuas. Enquanto isso, todos admitem que a corrida armamentista foi reatada", aponta.

Segundo ele, exatamente quando falta verba para os tão necessários programas sociais, os Estados investem grandes quantias de dinheiro na fabricação de armamentos sofisticados com uma potência comparável as de armas de destruição em massa.

"O mundo de hoje fala novamente de uma autêntica ameaça nuclear. As relações entre as grandes potências não deixaram de piorar nos últimos anos, e os partidários de aumentar o armamento e a indústria bélica estão comemorando", alerta.

No artigo, Gorbachev lembra que durante seu mandato (1985-1991), a URSS e os Estados Unidos reduziram em mais de 80% os arsenais nucleares, já que ele e o presidente americano, Ronald Reagan, concluíram que em uma guerra nuclear "não pode há ganhadores".

E insiste que "é preciso retomar o diálogo político" em nível estratégico e que a luta conjunta contra o terrorismo é uma tarefa "inadiável".

Em sua opinião, a atenção deve estar centrada na redução de arsenais nucleares e o objetivo principal não deve se limitar um máximo de mísseis de cada parte.

"No mundo atual, a guerra deve ser declarada fora da lei. Nenhum dos problemas do mundo - pobreza, ecologia, migrações, aumento da população ou escassez de recursos - pode ser resolvido por via militar", destaca.

Embora a tribuna para isso deva ser o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a iniciativa deve corresponder a Putin e Trump, já que seus países possuem mais de 90% das armas nucleares, por isso têm "uma especial responsabilidade".

"Eles têm a possibilidade de mostrar liderança, já que é disso que precisamos agora. O então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt disse que uma das maiores liberdades é a liberdade de viver sem medo", enfatiza.

Segundo ele, hoje em dia vivemos "um tempo de medo" devido ao "militarismo, aos conflitos bélicos e a corrida armamentista".

"Livrar o povo do medo significar torna-lo mais livres. Esse deve ser o objetivo", declara o último dirigente soviético, que completará 86 anos em março e que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1990.

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