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Google usa satélites para ajudar a proteger florestas

Chamado de Earth Engine, projeto da empresa norte-americana utiliza computação em nuvem para permitir acesso ao dados por cientistas de todo o mundo

Mapa do desmatamento na Amazônia, visto pelo Google Earth Engine (Reprodução/Google Earth)

Mapa do desmatamento na Amazônia, visto pelo Google Earth Engine (Reprodução/Google Earth)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 14h44.

Cancún - O Google revelou nesta quinta-feira uma tecnologia para ajudar a criar confiança entre países ricos e pobres sobre projetos criados para proteger as florestas tropicais do planeta.

A medição do sucesso de planos contra desmatamento em lugares como Amazônia, Indonésia e Congo sempre foi uma tarefa difícil por causa de doenças de árvores, corrupção e corte ilegal de madeira em áreas vastas e remotas que não podem ser monitoradas em terra por cientistas.

O futuro desses planos é importante para as negociações sobre o clima global em Cancún, que acontecem até 10 de dezembro, porque a destruição das florestas é responsável por até 17 por cento das emissões de gases causadores do efeito estufa produzidos pelo homem.

A tecnologia do Google, chamada de Earth Engine, reúne grandes quantidades de imagens de florestas feitas por satélites dos Estados Unidos e França que são analisadas em centrais compartilhadas de processamento de dados por meio da tecnologia de computação em nuvem. O sistema permite que cientistas monitorem florestas a partir de seus próprios computadores em questão de minutos ou segundos em vez de terem de esperar horas ou dias.

O Google também quer vender, eventualmente, acesso aos aspectos avançados da ferramenta para operadores do mercado de créditos de carbono, autoridades e pesquisadores da área florestal.

Acordos globais entre nações para proteção de florestas têm sido retardados pela falta de transparência e fracasso com os Estados Unidos para aprovação de uma legislação climática que teria impulsionado o mercado global de crédito de carbono.


Mas os negociadores em Cancún acreditam que as conversas poderão avançar sobre um plano mundial chamado de Emissões Reduzidas a partir de Desflorestamento e Degradação (Redd, na sigla em inglês), no qual países ricos financiariam recursos para países pobres e em desenvolvimento para a ajudar na proteção e restauração de florestas.

O Google espera que sua ferramenta ajude a acelerar a cooperação para a instituição do Redd.

"Como uma nação doadora consegue um nível de conforto sobre o que está sendo registrado em projetos de proteção florestal é realmente o que está acontecendo?", disse Rebecca Moore, gerente do Earth Engine durante as negociações do clima promovidas pela ONU.

"O que é legal sobre o ambiente de computação em nuvem é que tanto países doadores como em desenvolvimento têm agora as mesmas ferramentas e os mesmos dados" para analisar evidências sobre a eficácia de projetos de proteção, afirma Rebecca.

Estados Unidos, Japão, Noruega e outras nações ricas prometeram nas negociações do clima do ano passado, em Copenhague, 3,5 bilhões de dólares para financiar o desenvolvimento do Redd, cifra que poderá crescer no futuro.

Gerry Steinlegger, um especialista suíço que trabalha para o World Wildlife Fund, disse que ferramentas mais poderosas de análise por satélite cortam dramaticamente os custos de monitoramento de florestas em terra. Ele afirmou ainda que as ferramentas deverão ajudar países a confiar uns nos outros e a trabalharem juntos.

"No final, é disso que se trata as negociações globais do clima: como monitorar e verificar o que está acontecendo em termos de emissões e esse projeto fornece consistência."

A Google.org, unidade filantrópica da gigante das buscas online, vai doar 10 milhões de horas de computação do Earth Engine para países em desenvolvimento nos próximos dois anos enquanto o mundo tenta chegar a um acordo que vai suceder o Protocolo de Kyoto sobre aquecimento global.

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