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Gbagbo toma posse e denuncia interferência estrangeira na Costa do Marfim

Político, que é o atual presidente do país, teve a vitória rejeitada pela ONU, Estados Unidos e União Europeia

Laurent Gbagbo ignorou pressão internacional e tomou posse neste sábado (Wikimedia Commons)

Laurent Gbagbo ignorou pressão internacional e tomou posse neste sábado (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2010 às 15h54.

Abidjan - Laurent Gbagbo foi formalmente investido neste sábado presidente da Costa do Marfim, em uma cerimônia televisada, apesar da maciça rejeição internacional depois de sua controvertida vitória eleitoral.

"Diante do povo soberano da Costa do Marfim, juro solenemente e por honra respeitar e defender fielmente a Constituição, proteger os direitos e liberdades dos cidadãos, cumprir com os deveres de meu cargo no máximo interesse da Nação", declarou Gbagbo em seu discurso no palácio presidencial em Abidjan.

Após a cerimônia, Gbagbo denunciou as "interferências estrangeiras" num momento em que a ONU, os Estados Unidos, a União Europeia e França contestam sua reeleição.

"Nesses últimos dias, notei casos graves de ingerência", afirmou.

"Para que nossa soberania não seja pisoteada, não deixaremos os outros se intrometerem em nossos assuntos".

"A soberania da Costa do Marfim, é ela que tenho que defender e essa soberania eu não negocio", concluiu, sem mencionar a controvérsia em torno de sua reeleição e os distúrbios partidários que ela ocasionaram.

Durante a madrugada deste sábado, duas pessoas morreram aparentemente por disparos das forças de segurança em um bairro popular da capital Abidjan, onde partidários de Gagbo e de seu adversário Alassane Ouattara se enfrentam em função da crise desatada por divergências eleitorais.

Violentos disparos das forças de segurança, alguns procedentes de armas pesadas, foram ouvidos durante a madrugada e deixaram buracos nos muros de concreto.

A Costa do Marfim mergulhou numa crise depois que o Conselho Constitucional proclamou a vitória de Gbagbo nas eleições de 28 de novembro, que, segundo a comissão eleitoral e a ONU, foi vencida por Alassane Ouattara.

No poder desde 2000, Laurent Gbagbo foi reeleito presidente com 51,45% dos votos, contra 48,55% dados a seu rival, segundo resultados definitivos do segundo turno anunciados pelo presidente do Conselho, Paul Yao N'Dré, para a imprensa.

O Conselho Constitucional, liderado por um amigo do chefe de Estado, invalidou os resultados provisórios divulgados na quinta-feira pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), que dava ao ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara uma ampla vitória, por 54,1% contra 45,9%.

Isso foi feito "anulando" os votos em sete departamentos do norte, sob o controle do ex-movimento rebelde Forças Novas (FN) desde o golpe fracassado de 2002, e onde, segundo o grupo de Gbagbo, as eleições foram "fraudulentas".

O representante das Nações Unidas na Costa do Marfim, Youn-jin Choi, ameaçado de expulsão do país, se opôs à vitória anunciada de Laurent Gbagbo.

Antes do anúncio dos resultados definitivos, a chapa de Ouattara alertou contra um "golpe" de Gbagbo, rejeitando de antemão os anúncios do Conselho.

A ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes às vezes violentos.

Eleito em 2000, em eleições controversas das quais foram excluídos o ex-presidente Henri Konan Bédié e Alassane Ouattara, Laurent Gbagbo permaneceu no poder em 2005 após o fim do seu mandato, ao invocar a crise decorrente da divisão do país. As eleições foram adiadas em diversas ocasiões.

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