O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague: em uma recente entrevista concedida à imprensa argentina, Assad insistiu que não deixará o poder antes das eleições de 2014. (Mohammed al-Shaikh/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2013 às 15h48.
Amã - O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, declarou nesta quarta-feira que a saída do presidente sírio, Bashar al-Assad, é a única opção que pode abrir caminho para a solução do conflito naquele país, pouco antes de uma reunião, em Amã, para preparar uma conferência de paz.
A conferência dos Amigos da Síria, reunindo a oposição e países que a apoiam, será a ocasião para discutir formas de ajudar os rebeldes que têm sofrido com uma forte ofensiva do Exército no oeste do país.
O líder da oposição síria, George Sabra, fez um apelo para que toda a rebelião defenda Qousseir, uma cidade estratégica controlada pelos insurgentes, frente à ofensiva das tropas de Assad apoiadas pelo movimento xiita libanês Hezbollah.
"A visão de sempre do Reino Unido é que Assad tem que sair, e nunca contemplamos qualquer solução que envolvesse a sua permanência", declarou Hague em uma coletiva de imprensa.
"Se o regime pensa que pode vencer militarmente e retornar à situação de antes, acredito que está cometendo um terrível erro (...) Precisamos de uma solução política, qualquer que seja a situação no terreno", acrescentou.
Mas em uma recente entrevista concedida à imprensa argentina, Assad insistiu que não deixará o poder antes das eleições de 2014.
O secretário de Estado americano, John Kerry, também presente em Amã, pediu que o presidente sírio mostre seu compromisso "em favor da paz" em seu país.
Um alto funcionário do Departamento de Estado americano que acompanha Kerry, declarou que um dos assuntos a ser tratado em Amã será o "equilíbrio de forças militares no terreno".
Atualmente, o Exército, que concentra suas forças na aviação e recebe o apoio das tropas de elite do Hezbollah, enfrenta rebeldes mal equipados. Os países ocidentais se recusam a armar os rebeldes, argumentando que o arsenal poderia cair nas mãos dos extremistas.
O embaixador sírio na Jordânia, Bahjat Suleiman, criticou a reunião em Amã entre países que apoiam a oposição, chamando o grupo de "Inimigos da Síria" ou "Amigos de Israel".
A reunião dos Amigos da Síria tem como objetivo preparar uma conferência internacional de paz proposta por Estados Unidos e Rússia para tentar encontrar uma solução para o conflito que já causou mais de 94.000 mortes em mais de dois anos.
As discussões devem incluir os ministros das Relações Exteriores de Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Catar - um dos principais financiadores da oposição - Estados Unidos , Grã-Bretanha, França, Turquia e Alemanha.
Em um primeiro momento, a oposição declarou que não participaria do encontro, mas um porta-voz anunciou a participação do presidente interino da Coalizão, George Sabra.
A oposição síria, muito dividida, deve se reunir em Istambul na quinta-feira para eleger um novo chefe e decidir sua participação na conferência internacional de Genebra 2.
A primeira reunião em Genebra, em junho de 2012, resultou em um texto que previa um processo de transição política, mas sem definir o destino de Assad, o principal obstáculo nas negociações.
O primeiro-ministro do Catar, Sheikh Hamad bin Jassem Al-Thani, assim como Hague, defendeu que uma solução política para o conflito "depende da saída do presidente Assad".
No terreno, os combates continuam em Qousseir, e George Sabra apelou pediu que os rebeldes ajudem os combatentes que enfrentam as forças do regime.
"Batalhões revolucionários e Exército Sírio Livre, corram ao resgate de Qousseir e Homs", afirma Sabra em um comunicado no qual convoca todas as brigadas do país a enviar forças e armas, "mesmo que sejam pequenas".
Sabra também pediu a criação de um corredor humanitário para ajudar a população de Qousseir.
"Pedimos à comunidade internacional a abertura de um corredor humanitário para resgatar os feridos e levar medicamentos e assistência às 50.000 pessoas sitiadas", afirmou.
Em Genebra, a comissária europeia para Ajuda Humanitária, Kristalina Georgie, fez um apelo para que se evite o contágio do conflito aos países vizinhos da Síria, onde estão refugiados centenas de milhares de sírios.
Em visita a Homs, no centro do país, o chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Filippo Grandi, manifestou sua preocupação com os refugiados palestinos na Síria, já que 75% deles fugiram de suas casas.
Na Turquia, que acolhe centenas milhares de refugiados, a polícia descobriu um plano de atentados contra os refugiados sírios no sul do país e prendeu seis turcos envolvidos no caso, segundo uma autoridade turca.