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Gaza pode se tornar inabitável em 2020, diz relatório da ONU

O relatório responsabiliza os oito anos de bloqueio israelense apoiado pelo Egito e as três operações militares de Israel ocorridas desde 2008


	Faixa de Gaza: "Acabaram com sua base produtiva, não deixaram tempo para uma reconstrução ou uma recuperação econômica significativa e empobreceram a população"
 (Dan Kitwood/Staff)

Faixa de Gaza: "Acabaram com sua base produtiva, não deixaram tempo para uma reconstrução ou uma recuperação econômica significativa e empobreceram a população" (Dan Kitwood/Staff)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2015 às 14h01.

Jerusalém - A Faixa de Gaza pode ser inabitável em 2020 se a deterioração econômica continuar, assegura a Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) em um relatório divulgado nesta quarta-feira por meios de comunicação palestinos.

O relatório responsabiliza os oito anos de bloqueio israelense apoiado pelo Egito e as três operações militares de Israel ocorridas desde 2008 pela deterioração da Faixa, que descreve como reversão do desenvolvimento por "devastar a infraestrutura já debilitada de Gaza".

"Acabaram com sua base produtiva, não deixaram tempo para uma reconstrução ou uma recuperação econômica significativa e empobreceram a população palestina em Gaza, de modo que seu bem-estar econômico piorou com relação ao nível de duas décadas atrás", lamenta.

A situação se agravou com a última operação militar de 2014 que causou o deslocamento de 500 mil pessoas e a destruição ou danos graves a 20 mil casas, 148 escolas, 15 hospitais e 45 centros de atendimento de saúde.

O documento da Unctad lembra que três anos antes do último conflito, a ONU realizou um estudo para fazer a previsão das condições em 2020 no enclave litorâneo, onde era esperado um aumento da população de 1,6 milhão para 2,1 milhões de habitantes.

A pesquisa concluía que para Gaza ser um lugar habitável, "necessitaria acelerar 'esforços hercúleos' em setores como a saúde, a educação, a energia, a água e o saneamento".

Mas ao invés destes esforços, "a tragédia de Gaza se deteriorou e a destruição de 2014 acelerou a reversão de seu desenvolvimento", critica.

O documentos adverte que "o apoio dos doadores é necessário mas não suficiente para a recuperação e o desenvolvimento da Faixa de Gaza" e destaca como em maio do presente ano nenhuma das casas danificadas tinha sido reconstruída e nem tinham sido alcançados progressos na melhora das infraestruturas afetadas.

Em maio, só tinham sido desembolsados 27% dos US$ 5 bilhões prometidos na conferência do Cairo para a Palestina, deles US$ 3,5 bilhões destinados à reconstrução da Faixa após o cessar-fogo que pôs fim em agosto de 2014 a 51 dias de enfrentamentos entre Israel e as milícias palestinas que terminaram com a morte de mais de 2,2 mil palestinos e 73 israelenses.

"Para o povo palestino é muito mais necessário assegurar seu direito humano ao desenvolvimento em virtude do direito internacional que a ajuda dos doadores", afirma o documento, que ressalta a capacidade de "auto-suficiência dos cidadãos", "impossível", no entanto, "sob as condições do bloqueio e a destruição periódica da infraestrutura e os ativos privados".

"A ajuda não deve ser considerada uma alternativa para pôr fim ao bloqueio e pedir a Israel que cumpra com suas obrigações em virtude do direito internacional", reivindica a nota.

"Se continuar assim, Gaza voltará a ser economicamente inviável e as condições socioeconômicas já sombrias podem se deteriorar".

"O resultado provável serão mais conflitos, pobreza em massa, alto desemprego, escassez de eletricidade e água potável, assistência sanitária insuficiente e uma infraestrutura em vias do colapso. Definitivamente, Gaza será inabitável, como destacaram as Nações Unidas (2012)", sentencia o documento.

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