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G20 isola Trump perante mudança climática

Líderes, no entanto, conseguiram fechar com o presidente americano um compromisso a favor do livre comércio

 (Donald Trump/Divulgação)

(Donald Trump/Divulgação)

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EFE

Publicado em 8 de julho de 2017 às 20h18.

Última atualização em 8 de julho de 2017 às 20h20.

Hamburgo  (Alemanha)- Os líderes do G20 isolaram neste sábado Donald Trump com uma aposta conjunta no Acordo de Paris contra a mudança climática, mas conseguiram fechar com o presidente americano um compromisso a favor do livre comércio, reconhecendo o direito dos Estados Unidos de se defender de práticas injustas.

A Alemanha, à frente do grupo das principais economias do mundo e das potências emergentes, apressou as negociações até o último momento e conseguiu, como queria a chanceler, Angela Merkel, um documento assinado por todos que expõe as discordâncias e ficam evidentes as diferenças com Washington.

"Em alguns temas obtivemos bons resultados, embora não negue que as negociações foram difíceis", admitiu na entrevista coletiva final Merkel, que se mostrou "muito contente" porque todos os líderes, exceto Trump, ratificaram seu compromisso com o Acordo de Paris, que os EUA decidiram abandonar.

No comunicado conjunto, os parceiros do G20 definem esse acordo como "irreversível" e se comprometem a aplicá-lo "o mais rápido possível", enquanto "tomam nota" do passo dado pela Casa Branca.

Washington conseguiu incluir uma frase controversa, na qual diz que ajudará países terceiros a "usar combustíveis fósseis", como o carvão e o petróleo, "de forma mais limpa e eficiente", ponto que atrasou o acordo, até que finalmente ficou claro na redação do documento que era exclusivamente uma intenção dos EUA.

O segundo impasse nas negociações foi a defesa do livre comércio e a rejeição ao protecionismo, princípios clássicos do G20 que vão contra a política econômica de Trump.

Finalmente, o G20 ressaltou que o comércio e os investimentos internacionais são "importantes motores para o crescimento, a produtividade, a inovação, a geração de emprego e o desenvolvimento" e reiterou sua aposta em manter abertos os mercados e lutar contra medidas protecionistas.

Não entanto, a pedido de Washington, também foi reconhecido "o papel de legítimos instrumentos de defesa comercial" perante "práticas injustas".

Nessa questão, Merkel comemorou o acordo alcançado para buscar em um fórum multilateral e até novembro soluções para a sobrecapacidade de aço, que levou recentemente os EUA a ameaçarem com sanções a União Europeia (UE) e a China.

As demais questões documento final da cúpula, de 14 folhas, já tinham chegado a Hamburgo praticamente pactuadas e Merkel conseguiu sem maiores problemas fazer com que os líderes mundiais se comprometessem a melhorar a cooperação na luta contra o terrorismo e a resposta perante as pandemias.

A chanceler também apostou em uma nova aliança com os países africanos, superando o conceito tradicional da ajuda ao desenvolvimento e implicando o investimento privado, com o objetivo final de lutar contra as causas que levam milhões de pessoas a deixarem seus países e emigrar.

O G20, no qual há países com concepções tão distintas sobre o papel da mulher, como os europeus e a Arábia Saudita, acordou também impulsionar o acesso feminino ao mercado de trabalho em condições de igualdade.

Nesse contexto, foi apresentado neste sábado um fundo para facilitar o acesso ao financiamento para mulheres empreendedoras em países em desenvolvimento impulsionado por Ivanka Trump, filha e assessora do presidente americano, que chegou substituir temporalmente seu pai nas sessões da cúpula quando este se ausentou para participar de reuniões bilaterais.

A iniciativa já arrecadou US$ 325 milhões e espera-se que seja mobilizado dez vezes esse valor no setor privado, segundo o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, que administrará o fundo.

Merkel acredita que será possível ver os primeiros projetos sendo financiados no ano que vem na Argentina, país ao qual a Alemanha passará a presidência rotativa do G20.

Com este balanço, um documento unânime em que ficou claro que os EUA decidiram se isolar, os líderes foram deixando Hamburgo e a cidade começou a respirar após três dias de protestos e violentos distúrbios que deram a volta ao mundo.

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