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Francisco teria intercedido sobre sequestro de jesuítas

Segundo depoimento há três anos, Jorge Bergoglio disse ter se reunido duas vezes com o comandante da Marinha na época da ditadura para pedir a libertação

Jorge Mario Bergoglio: "Olhe, Massera, eu quero que apareçam", disse ao tribunal Bergoglio, então padre provincial dos jesuítas (GettyImages)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de março de 2013 às 14h03.

Buenos Aires - O papa Francisco teria intercedido duas vezes em 1976, no início do regime militar argentino, perante o então o chefe da Marinha, o almirante Emilio Massera, pelo sequestro de dois jesuítas, segundo o religioso afirma em um vídeo publicado nesta quarta-feira sobre um julgamento por crimes de lesa-humanidade em 2010.

"Me reuni duas vezes com o comandante da Marinha nesse momento, com Massera", afirmou Jorge Bergoglio há três anos no tribunal de Buenos Aires que julgou os crimes cometidos na maior prisão da última ditadura (1976-1983), a Escola de Mecânica da Marinha (Esma), sob a direção de Massera.

"Olhe, Massera, eu quero que apareçam", disse Bergoglio, então padre provincial dos jesuítas, na segunda reunião, da qual lembrou no julgamento que "foi muito feia e durou menos de dez minutos".

A audiência ocorreu dois meses depois da primeira sessão, quando, segundo Bergoglio, "já era quase seguro que (a Marinha) estava com eles (os dois jesuítas)".

Bergoglio, que quando depôs à justiça já era cardeal primaz, foi interrogado no Arcebispado de Buenos Aires, não na sala do julgamento.


Antes que os dois jesuítas, Orlando Yorio e Franz Jalics, fossem sequestrados pelo regime militar em 1976, o agora papa Francisco admitiu ter se reunido "com eles dois e com todos os jesuítas que trabalhavam nessa frente de opção pelos pobres" em bairros da periferia da capital argentina.

Mesmo assim, Francisco negou ter feito reprovações a eles e disse que também não notou "nada especial que os destacasse em relação aos outros sacerdotes".

Durante o julgamento pelo sequestro dos dois padres, uma testemunha, María Elena Funes, que dava aulas de alfabetização e evangelização no mesmo bairro que eles, afirmou que Yorio, morto em 2000, contou que o "chefe da ordem" havia retirado a permissão para que trabalhassem nesse lugar "por razões ideológicas".

Os dois jesuítas foram libertados depois de cinco meses de sequestro. Jalics, que vive na Alemanha desde 1978, disse depois que Bergoglio foi eleito papa este mês que estava "em paz" com ele.

Massera morreu antes do fim do "megajulgamento" por crimes cometidos na Esma, que em outubro de 2011 condenou à prisão perpétua a 11 repressores da ditadura (1976-1983), entre eles os ex-marinos Jorge "Tigre" Acosta e Ricardo Miguel Cavallo. EFE

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"Me reuni duas vezes com o comandante da Marinha nesse momento, com Massera", afirmou Jorge Bergoglio há três anos no tribunal de Buenos Aires que julgou os crimes cometidos na maior prisão da última ditadura (1976-1983), a Escola de Mecânica da Marinha (Esma), sob a direção de Massera.

"Olhe, Massera, eu quero que apareçam", disse Bergoglio, então padre provincial dos jesuítas, na segunda reunião, da qual lembrou no julgamento que "foi muito feia e durou menos de dez minutos".

A audiência ocorreu dois meses depois da primeira sessão, quando, segundo Bergoglio, "já era quase seguro que (a Marinha) estava com eles (os dois jesuítas)".

Bergoglio, que quando depôs à justiça já era cardeal primaz, foi interrogado no Arcebispado de Buenos Aires, não na sala do julgamento.


Antes que os dois jesuítas, Orlando Yorio e Franz Jalics, fossem sequestrados pelo regime militar em 1976, o agora papa Francisco admitiu ter se reunido "com eles dois e com todos os jesuítas que trabalhavam nessa frente de opção pelos pobres" em bairros da periferia da capital argentina.

Mesmo assim, Francisco negou ter feito reprovações a eles e disse que também não notou "nada especial que os destacasse em relação aos outros sacerdotes".

Durante o julgamento pelo sequestro dos dois padres, uma testemunha, María Elena Funes, que dava aulas de alfabetização e evangelização no mesmo bairro que eles, afirmou que Yorio, morto em 2000, contou que o "chefe da ordem" havia retirado a permissão para que trabalhassem nesse lugar "por razões ideológicas".

Os dois jesuítas foram libertados depois de cinco meses de sequestro. Jalics, que vive na Alemanha desde 1978, disse depois que Bergoglio foi eleito papa este mês que estava "em paz" com ele.

Massera morreu antes do fim do "megajulgamento" por crimes cometidos na Esma, que em outubro de 2011 condenou à prisão perpétua a 11 repressores da ditadura (1976-1983), entre eles os ex-marinos Jorge "Tigre" Acosta e Ricardo Miguel Cavallo. EFE

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