Burquini: o traje é uma espécie de burca adaptada para uso no mar ou na piscina e geralmente usado pelas muçulmanas, já que cobre boa parte do corpo (Stringer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2016 às 12h54.
Paris - As redes sociais amanheceram em polvorosa nesta quarta-feira em defesa de duas banhistas que foram obrigadas a tirar a túnica e o lenço que usavam por ordens da Polícia em praias da França.
Jornais britânicos publicaram ontem à noite imagens de uma mulher sendo controlada por quatro policiais municipais na Promenade des Anglais.
A primeira imagem mostra à mulher deitada na praia, tomando sol, com um lenço azul claro cobrindo o cabelo e uma túnica de manga longa da mesma cor.
Sequência seguinte, ela tira a túnica (por baixo há uma camiseta preta) sob o olhar atento dos agentes, que inspecionam a peça.
O caso chamou bastante atenção, mas não foi o único que gerou burburinho na internet.
Ontem também, dessa vez em Cannes, a polícia multou uma mulher, identificada como Siam, uma ex-comissária de bordo de 34 anos, que usava o "hijab" e que hoje declarou à emissora "BFM TV" que vai entrar com medidas legais.
"Não estava usando o burquíni, nem a burca, nem estava nua. Considero que a minha vestimenta era correta", disse ela, que, segundo o jornal "Daily mail", é mãe e tem família na França.
Os dois incidentes geraram uma onda de críticas de internautas denunciando hoje o ocorrido e mostrando indignação, já que o véu não é proibido em espaços públicos.
"Mas isso é normal? Até isso, vão mandar as mulheres tirarem a roupa na praia? Vocês são motivo de piada para o mundo", postou Sihame Assbague (@s_assbague) no Twitter junto com quatro fotos do caso, em uma postagem retuitada mais de 12 mil vezes.
Nice e Cannes fazem parte dos 15 de municípios da Côte D'Azur que desde o início do mês estão proibindo o uso do burquíni nas paias.
O traje é uma espécie de burca adaptada para uso no mar ou na piscina e geralmente usado pelas muçulmanas, já que cobre boa parte do corpo e, ao mesmo tempo, é confortável.
Apesar de ter sido criado por Aheda Zanetti, uma australiana-libanesa, pensando nas mulheres praticantes do Islã, a proibição fez as vendas dispararem e a maioria dos pedidos vem de não muçulmanas, segundo revelou a estilista a jornais europeus.
À espera de o Conselho de Estado, máxima instância administrativa da França, examinar amanhã a legalidade dos decretos municipais que vetam essa roupa, pelo menos 16 mulheres já foram multadas nessas cidades nas últimas semanas, de acordo com a "BFM TV".
O Conselho do Culto Muçulmano da França pediu hoje uma reunião urgente com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, para abordar a questão, sobre a qual o Executivo rejeitou, por enquanto, lançar uma legislação específica. EFE