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França faz grande protesto social contra governo Macron

Os protestos contra as políticas do atual governo francês reuniram cerca de 400 mil pessoas em 180 manifestações por todo o país

Ideologicamente, Macron está brincando com o serviço público e os funcionários, afirmou um manifestante (Stephane Mahe/Reuters)
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EFE

Publicado em 22 de março de 2018 às 16h05.

Centenas de milhares de franceses expressaram nesta quinta-feira nas ruas sua rejeição às reformas do governo de Emmanuel Macron , na primeira grande jornada de mobilização nacional durante seu mandato, liderada por funcionários públicos e ferroviários e marcada também pelas greves no setor educativo, de saúde e de transportes.

Os protestos reuniram 400.000 pessoas em 180 manifestações por todo o país, 65.000 delas nas passeatas simultâneas que confluíram na praça da Bastilha de Paris, segundo números da Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), que a polícia reduziu para 49.000.

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Após a decepção do protesto contra a reforma trabalhista, com várias manifestações menores no ano passado que não mudaram a postura do Executivo, sindicatos e partidos de esquerda confiavam em recuperar certa margem de manobra e pesar sobre as políticas de Macron, que quase não precisa lidar com oposição parlamentar.

"Ideologicamente, Macron está brincando com o serviço público e os funcionários", disse à Agência Efe o ferroviário Hervé Féquinau, que chegou a Paris de Toulon, no sudeste da França.

Enquanto os trabalhadores da rede nacional de trens SNCF clamaram contra as reformas anunciadas pelo Executivo, que regulará por decreto uma mudança do estatuto deste setor, professores e profissionais médicos denunciaram a falta de recursos, a perda de poder aquisitivo e as ameaças de privatização.

"É uma batalha pelos serviços públicos e pela defesa do status dos funcionários e ferroviários", declarou o aposentado Gérard Paquin, para quem a manifestação de hoje mobilizou, "muito mais" que convocações anteriores, "todas as vítimas dos decretos" do governo.

Vários representantes da esquerda foram vistos nas concentrações, como o líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon; a porta-voz da legenda Luta Operária, Nathalie Arthaud, e o recém eleito secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, vaiado por alguns manifestantes durante a passeata.

O protesto foi majoritariamente pacífico, embora alguns grupos de encapuzados tenham lançado pedras contra as forças da ordem, que responderam com canhões de água e gás lacrimogêneo, que chegaram até as estações de metrô nas imediações da praça da República, segundo pôde constatar a Efe.

No setor ferroviário, 35,4% dos trabalhadores respaldou a greve e circulou apenas 40% dos trens de alta velocidade, 25% dos de percurso longo, 50% dos regionais, 30% dos de subúrbios de Paris e 75% dos internacionais, enquanto o metrô da capital quase não se viu afetado.

Por sua vez, o apoio dos controladores aéreos à greve provocou o cancelamento de 30% dos voos dos três aeroportos parisienses.

A mobilização contou com o apoio majoritário de 55% dos franceses, segundo uma pesquisa do instituto de pesquisa Odoxa, que consideraram "justificado" este protesto, realizado uma semana depois que milhares de aposentados saíram às ruas pela perda de poder aquisitivo de suas pensões.

O Executivo, através do seu ministro de Economia, Bruno Le Maire, garantiu que não paralisará suas reformas, embora a reivindicação dos aposentados tenha demonstrado que não fica totalmente alheio às exigências.

Nesta mesma semana, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou que os 100.000 domicílios onde as receitas superam por pouco o patamar a partir do qual se aplica um aumento de taxas de 1,7 ponto ficarão isentos da imposição em 2019.

Os sete sindicatos que convocaram a greve escolheram a data de hoje conscientemente, já que foi em 22 de março de 1968 quando começaram os protestos universitários que desembocaram nas históricas revoltas de maio daquele ano.

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